O Convento de São Francisco, localizado na ilha do Faial, Açores, é uma estrutura histórica de grande relevância, testemunhando uma série de eventos ao longo dos séculos. Fundado no início do século XVI, foi alvo de um incêndio causado por corsários ingleses em 1597, seguido por danos provocados por um temporal em 1668. Estes eventos levaram à reconstrução do convento num local mais seguro. Em 1696, deu-se início à construção da atual Igreja de Nossa Senhora do Rosário, concluída em 1700, juntamente com a reconstrução do convento.

Após a dissolução das Ordens Religiosas em 1835, o convento passou para a posse da Santa Casa da Misericórdia da Horta, sendo local utilizado como Hospital da Misericórdia e como Asilo de Mendicidade. Outro incêndio devastou parte do Convento, em 1899, mas a igreja sobreviveu. Como resultado deste incêndio, foi construído o Hospital Walter Bensaúde, noutro ponto da Cidade e construído um novo edifício no lugar do convento, onde hoje se situa o Lar de São Francisco da Santa Casa da Misericórdia da Horta.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, também conhecida como Igreja de São Francisco, é um monumento histórico, marcando um período significativo na história local. No entanto, ao longo dos anos, este magnífico monumento tem sido negligenciado e abandonado pelas autoridades competentes, assim como outros edifícios do antigo Convento.

Apesar de ser reconhecida como Imóvel de Interesse Público, a igreja tem sofrido com a falta de compromisso das entidades públicas regionais e locais em relação à sua preservação. Desde sua transferência para a Santa Casa da Misericórdia da Horta em 1835, até os dias atuais, teve diversos momentos de destaque e outros que requereram ação, como em 1930, após os danos causados pelo sismo de 1926, quando foi realizada uma grande intervenção de conservação e restauro, mas ao longo das décadas seguintes, o monumento continuou a deteriorar-se, sem que medidas eficazes fossem adotadas para a sua manutenção. Mesmo com intervenções em 1972 e novamente em 2002, após outros eventos sísmicos, o estado de abandono e negligência persistiu.

Atualmente, apesar de sua imponência perante a cidade e do importante contexto histórico que representa, a igreja encontra-se fechada há quase duas décadas devido às condições estruturais precárias. Este abandono reflete a falta de prioridade dada à preservação do património histórico pelos órgãos responsáveis, sobretudo na ilha do Faial, onde os maus exemplos abundam.

É lamentável que um edifício de tal importância cultural e religiosa esteja sujeito a tal descuido. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário merece sair deste abandono e indiferença, merecendo por isso uma atenção urgente e um compromisso firme por parte das autoridades locais e regionais para a sua reabilitação e preservação, garantindo que as futuras gerações possam apreciar a sua beleza e significado histórico.

Fica este registo no Dia Internacional dos Monumentos e Sítios!