Lembro-me perfeitamente do dia 25 Abril de 1974, era uma criança de 11 anos que estranhou os ajuntamentos dos estudantes mais velhos com rádios no Largo do Infante, disseram-me alguns, eufóricos, que era uma Revolução... e não percebi nada!
Lembro-me de, poucas horas depois, a minha explicadora me dizer que talvez o seu namorado já não fosse para o ultramar, estava ansiosa mas cheia de esperança... e continuei sem perceber nada!
Vim para casa ao final do dia e encontrei meus pais diante do rádio, atentos e a escutar o locutor, disse-lhes, como se fosse eu o detentor da novidade: Há um Revolução em Lisboa! e meus Pais abraçaram-me e disseram cheios de alegria que, finalmente, Portugal ia ser como o Canadá, de onde eu viera e nascera, um País Livre e Democrático... continuei sem perceber nada, mas a partir de então fiquei a saber que a Revolução era uma coisa boa e passei a amar o 25 de Abril, a Democracia e a Liberdade.
Só depois percebi o que era uma Revolução, uma Democracia e a Liberdade. Portugal nunca ficou igual ao Canadá em qualidade de vida, mas somos tão livres como lá e foi por essa Liberdade e Esperança semeada por Abril que, ao chegar à maior idade, decidi sem medo ser cidadão Português de origem e ficar neste País.
Não sei como teria sido a minha vida sem o 25 de Abril, mas sei que sempre senti um impulso para lutar por uma sociedade mais justa, defender ideias políticas, tomar partido e discutir; então, seguramente, sem a Revolução, a Democracia e a Liberdade, ou seria um carrasco, ou uma vítima deste se não conseguisse fugir ou seria expulso como estrangeiro.
Por isso, estou eternamente grato à Revolução do 25 de Abril e ainda hoje sei que foi o melhor que aconteceu a Portugal no último século.
Obrigado a todos o que permitiram que este País, apesar de todos os seus defeitos, seja um Estado Livre e Democrático. Sei que há muitos ideais por concretizar, mas só em Liberdade e Democracia por ele podemos lutar e alcançar.
Sei que quando um ideal ou preconceito se torna num fim absoluto em si mesmo, se deixa de respeitar a diferença, a discussão e a viabilidade de alternativas. Infelizmente, 50 anos depois do Abril dos Cravos, sinto que muitos andam demasiado extremados para ouvir o outro, respeitar a diferença, procurar o equilíbrio e aceitar alternâncias ou vias alternativas. Espero que Portugal não perca os valores conseguidos no estabilizar da Revolução.
A história ensina-nos que a democracia pode democraticamente morrer por escolhas extremadas em virtude de descontentamentos, preconceitos e injustiças explorados por populistas oportunistas, mas nunca vi o fim de uma ditadura acontecer pela livre escolha dos cidadãos ou pela busca regular de um mundo mais justo e livre como permite a democracia.
Viva o 25 de Abril. Sempre!
Na semana passada também ocorreu, pela Câmara Municipal, a adjudicação para a elaboração do projeto de ampliação da pista do aeroporto da Horta.
Este projeto procura atender a um sonho dos Faialenses, mas não é ainda uma concretização, é um passo na direção certa, mas ainda muitas energias políticas terão de ser gastas para a obra ir em frente.
Há que estar atento e todos os Faialenses, através das suas forças políticas, sociais e económicas, têm de continuar sempre unidos na diferença em prol desta pretensão, sem temer e - se necessário - bater o pé a forças maiores exteriores a esta terra e nunca desistir em troca de favores menores no lugar do principal que o Faial precisa: a ampliação da pista do aeroporto da Horta.