Carlos Faria

O meu programa de Governo

18 de Março de 2024


Não sou um otimista nato, por isso, só no fim da contagem total reconheço quem foi o vencedor das legislativas nacionais em termos de mandatos e de votos. Contudo, uma coisa dou já por garantida: Portugal e os Açores encontram-se numa situação em que a governação vai ser espartilhada, como nunca, pelos extremos de ambos os lados do hemiciclo do parlamento e por uma rivalidade exageradamente doentia dos partidos mais ao centro.

Dois aspetos vão ser de primordial importância para que os líderes dos executivos regional e nacional possam ter uma sobrevivência em tais funções até ou acima de dois anos: o primeiro, é a sensibilidade perante a realidade de vida dos eleitores; não basta apresentar bons resultados nas finanças públicas e deixar o Povo sem serviços públicos de qualidade ou a sobreviver à custa da caridade do Estado para o tornar refém do Poder. Uns dos objetivos da democracia é o bem-estar dos cidadãos e não a propaganda não sentida no dia-a-dia pelas pessoas. Basta às oposições cheirar a descontentamento popular e logo o governo terá sentença de queda e de enfrentar eleições!

O segundo aspeto, é o do bom-senso político perante os adversários, quem não tem força para levar exclusivamente o seu projeto de governo, tem de ter capacidade negocial não ostensiva e aceitar partilhar algum mérito às oposições nas metas acordadas, sem deixar esvaziar as propostas centrais do programa. Não há oposição que aceite negociar onde os louros ficam apenas do outro lado!

Igualmente não é saudável uma oposição ser do contra apenas porque não é executivo. Um opositor tem de ser adulto e maduro, não uma criança birrenta e amuada que faz caixinha como quem esconde a bola para que o todo saia prejudicado. Ninguém conquista simpatia e votos tendo um comportamento assim.

Independentemente do que foi aprovado na ALRAA na passada semana, pessoalmente, confesso que o meu programa do Governo dos Açores é a defesa dos interesses dos Faial ou do Arquipélago no seu conjunto.

Assim, estarei atento não só às qualidades do executivo em matéria de sensibilidade e bom-senso, mas também, no que se refere ao cumprimento das promessas ou continuidade dos projetos anunciados ou iniciados no anterior mandato para o Faial, nomeadamente: a segunda fase da Variante à cidade da Horta, o Tecnopolo-MARTEC e a envolvência e capacidade de alcançar o objetivo de ampliação da pista do aeroporto da Horta, esta trindade para mim é sagrada.

Não refiro para já o porto, porque penso que o problema está no facto de ninguém saber ainda como corrigir bem os problemas gerados com o encolhimento do projeto construído na baía norte de modo a assegurar uma boa solução que só traga benefícios para a baía sul. Temo que esta obra nunca será consensual após o atentado contra o Faial cometido há mais de uma década. Contudo, desejo engenho e arte ao executivo atual para ultrapassar este imbróglio que herdou do passado.

Nos parágrafos anteriores falei apenas de empreendimentos estruturais no domínio da economia, mas não me esqueço de outros ao nível da qualidade de vida como o bloco a construir no Hospital da Horta, o auditório da ESMA, a situação do clube naval ou a ligação Ribeira Funda - Estrada da Caldeira, além da enorme carência de médicos de família nesta ilha.

Há muitas obras menores de importância local, de interesse de freguesia ou mesmo de contentamento para toda a ilha, mas não tão fundamentais como as mencionadas e, seguramente, não haverá dia em que as oposições não alertarão para alguma delas e procurarão outras que ainda ninguém tinha tomado consciência, é de facto o seu papel e para alguns serve para tentar esquecer culpas das omissões no passado dos empreendimentos fundamentais para o Faial.

No meu programa de governo está resistir à implementação de quaisquer plataformas logísticas ao nível dos transportes aéreos ou marítimos, tanto de mercadorias como pessoas, por mais pressões que o executivo sofra de algumas ilhas mais populosas nos Açores.

Não sou um otimista nato, por isso, só no fim da contagem total reconheço quem foi o vencedor das legislativas nacionais em termos de mandatos e de votos. Contudo, uma coisa dou já por garantida: Portugal e os Açores encontram-se numa situação em que a governação vai ser espartilhada, como nunca, pelos extremos de ambos os lados do …





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