Rui Gonçalves

Não se pode enganar o povo

06 de Março de 2024


O Governo dos Açores acaba de tomar posse. Não ouvimos nada de novo na sessão que decorreu na Assembleia Regional. Mas vimos, pelo menos, uma novidade.

Assisti à sessão. Fi-lo com gosto e por obrigação profissional.

Durante a transmissão da RTP Açores, a jornalista que comentava anunciou como substituto de Paulo Estêvão que, como se sabe foi para o Governo, um deputado de nome Mendonça, se não estou em erro.

Depois, nas entrevistas após a conclusão da sessão, aparece, representando o PPM, que só tem um deputado, Paulo Margato. E aqui começa a história.

Paulo Margato era o décimo candidato da Coligação pelo Corvo, que correspondia ao último da lista.

A primeira questão que causa surpresa é ver o décimo candidato a substituir o primeiro. Não se trata todavia de uma solução inocente.

Nas eleições de 2020 Paulo Margato foi cabeça de lista do PPM pela ilha de São Miguel. Agora foi candidato pelo Corvo porque entretanto foi para lá trabalhar como médico.

Paulo Estêvão, com a influência que tinha no Governo anterior, mandou embora do Corvo o médico de nome Salgado, substituindo-o exatamente por Paulo Margato. Na altura o caso cheirou a esturro.

Já sabíamos, mas ficou claro agora, o objetivo do líder monárquico do Corvo. Pretendia simplesmente garantir a eleição de um deputado do Corvo. Se Salgado lá tivesse continuado, seria candidato da CDU. Tendo em conta a recetividade que a população lhe dispensou, é fácil perceber que os eleitos do Corvo seriam o do Partido Socialista, que ganhou as eleições, e o candidato da CDU, deixando assim Paulo Estêvão e o PPM a falarem sozinhos. Para quem tiver dúvidas basta ver o resultado que alcançou em São Jorge, onde está agora e de onde tinha saído exatamente para o Corvo, e o resultado da Coligação nesta ilha onde Paulo Estêvão não conseguiu ganhar as eleições.

Não compreendi ainda qual a razão que levou a CDU a apresentar o médico Salgado em São Jorge, não aproveitando o seu capital eleitoral no Corvo. Saiu da ilha contra a sua vontade declarada e teve até direito a abaixo-assinado reclamando a sua permanência na ilha.

Paulo Estêvão levou Margato para o Corvo com o objetivo de ter alguém que o substituísse no Parlamento, caso fosse para o Governo, como era seu desejo. E como se confirma pelo pedido de parecer solicitado pelo PPM aos serviços da Assembleia no sentido de esclarecer se Paulo Margato pode acumular as funções de deputado com as que exerce na Unidade de Saúde do Corvo.

O filme já estava visto. Porém, tendo sido Paulo Margato o décimo e último candidato da lista da Coligação pelo Corvo, eu pensei que afinal estava enganado.

Mas não estava. Na segunda-feira, como referi acima, vi o médico Margato a falar à RTP em nome do PPM na Assembleia Regional. Onde estava o tal deputado Mendonça, o único líder de uma bancada que não prestou declarações à RTP?

Não tenho nada contra o médico, muito menos contra o homem, até porque não o conheço. Mas tenho muito contra o comportamento político de Paulo Estêvão.

Sei que está, como sempre, tudo legal. Só acho que não se deve usar meios públicos em nome de interesses pessoais pensando que se engana o povo.

O Governo dos Açores acaba de tomar posse. Não ouvimos nada de novo na sessão que decorreu na Assembleia Regional. Mas vimos, pelo menos, uma novidade.

Assisti à sessão. Fi-lo com gosto e por obrigação profissional.

Durante a transmissão da RTP Açores, a jornalista que comentava anunciou como substituto de Paulo Est&…





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