Como todos sabemos a política do pão e circo tem origem na Roma Antiga. Os imperadores mandavam distribuir trigo aos pobres nos espetáculos de luta de gladiadores e assim apaziguavam a contestação ao poder. A política do pão e circo atualmente é uma metáfora para denunciar ou alertar para atitudes de governantes que pretendem distrair a população com a distribuição de algum benefício.
Esta expressão ouvi-a várias vezes entre nós, quando o Partido Socialista detinha o poder na Câmara Municipal. Naturalmente era usada pela oposição, numa afirmação imaginativa de crítica aos critérios da política definida pela autarquia. Lembrei-me dela quando ouvi, em declarações à RTP Açores, o presidente da Câmara falar do Voto de Pentecostes, celebrado, mais uma vez, no domingo do Espírito Santo, no Império dos Nobres.
Carlos Ferreira anunciou que a Câmara está a preparar alterações ao figurino da festa com o intuito de levar a uma maior participação dos munícipes. Alvitrou a antecipação da data, para que a festa não coincida com outros impérios da ilha, e a oferta das tradicionais sopas do Espírito Santo. É aqui que bate o ponto, como diz o povo. Nos primeiros meses deste mandato, a Câmara tem-se limitado a dar continuidade às iniciativas que vinham de trás, fazendo tudo igual, mudando apenas os nomes a cada uma delas.
Espero que ninguém se lembre de alterar a designação do Voto de Pentecostes. A Câmara, ainda sem qualquer rasgo ou golpe de asa, faz o que os outros faziam. E os outros faziam muitas festas. Recordo só algumas: Magusto na Praça da República em novembro, com castanhas, como não podia deixar de ser; Natal; 25 de abril, com sardinhas; mais umas mesas de sueca com os idosos; brincadeiras para crianças; vêm aí o São João e a Semana do Mar, mais o aniversário da cidade. O que não vai faltar é festa, já percebemos. Tanta festa que levou também, no passado recente, a oposição do PSD a classificar, em mais um rasgo criativo, a Câmara Municipal socialista como “agência de promoção de eventos”. E se dúvidas houver sobre o que está fazendo o executivo da Câmara, é só reparar nas ordens de trabalhos das reuniões para verificar que não há nada de novo. Está tudo igual. Pela boca morre o peixe.