A fonte de informação é a pedra angular do jornalismo. Sem fontes de informação não há jornalismo.
Este Editorial pretende dar a conhecer aos leitores as dificuldades que crescentemente se vão tornando intransponíveis para qualquer órgão de comunicação social produzir as suas notícias.
Quem trabalha nesta profissão conhece com certeza a evolução da relação que se tem estabelecido entre as fontes de informação e os jornalistas, aqui nos Açores. Essa evolução tem, há muito tempo, um sentido negativo.
Atualmente, quando necessitamos de informação para trasmitir ao público, verificamos que é cada vez mais difícil consegui-la. Está em causa a comunicação pública, do Governo, das autarquias, dos serviços e empresas públicas, que são das principais fontes de informação numa sociedade democrática em que se devia governar para o povo.
Antes, um jornalista falava com um membro do Governo, com o presidente da Câmara, com um diretor de qualquer serviço público, com o administrador de uma empresa pública.
Agora não. Tem que passar por assessores, secretários, adjuntos, enfim, por todos aqueles que não têm nada para dizer. O seu papel é evitar o contato do jornalista com a fonte de informação. Estranha maneira de governar com transparência!
Relatamos alguns casos vividos por jornalistas do INCENTIVO. Houve um acidente com o navio Mestre Simão da Atlânticoline. Pedimos o relatório sobre as causas do acidente. «Não podemos divulgar porque primeiro temos que entregá-lo aos deputados», foi a resposta.
A Assembleia Regional meteu-se, com o Governo, numa confusão por causa de um relatório da Sata. Nunca tivemos acesso ao resultado do inquérito para apurar responsabilidades. Era «confidencial».
O grupo que estudou a ampliação da pista do Aeroporto da Horta produziu um relatório que só chegou aos amigos.
A Portos dos Açores tem um relatório do LNEC sobre a requalificação do Porto da Horta. Alguém o conhece?
Assim não é possível produzir informação.
Este jornal pauta os seus critérios, ao contrário de outros, públicos e privados, pelo valor da notícia e não pela pretensa importância de quem a protagoniza. Talvez por isso os caminhos nos vão sendo tapados.
O INCENTIVO não é montra de vaidades para ninguém. Não desiste e vai continuar a lutar pela informação livre, mau grado os golpes que teimam em infligir-lhe os novos donos dos velhos partidos.