Rui Gonçalves

O sacristão promovido

15 de Maio de 2024


Sou apreciador do protocolo porque respeito as instituições. Seja na política, na Igreja, ou simplesmente na vida, Neste caso não é regulado por lei, mas apenas pela boa educação.

Fico quase chocado quando vejo atropelos, sobretudo se têm origem nas próprias instituições que assim não se dão ao respeito.

Na semana passada vi no Telejornal da RTP Açores as comemorações do Dia do Comando Regional da PSP.

Estavam presentes, em Ponta Delgada, para além do Comandante, o presidente da Assembleia Regional e um representante do presidente do Governo. É aqui que bate o ponto.

José Manuel Bolieiro fez-se representar por Pedro Faria e Castro, antigo membro do Governo, que agora foi nomeado técnico superior especialista, porque não deve ter mais nada que fazer na vida. Foi a primeira vez que vi um assessor apresentar-se num ato público em nome do Governo.

Primeiro acho um desprestígio para um órgão de governo próprio dos Açores e para o presidente do Governo em particular; segundo, considero uma total desconsideração por quem fez o convite; terceiro, é uma falta de respeito a todo o povo açoriano.

Se Bolieiro não podia enviar às comemorações o seu vice-presidente ou um membro do Governo, simplesmente devia pedir desculpa e não se fazer representar.

Nos tempos dos governos de Mota Amaral, só um secretário regional representava o presidente.

Depois, com Carlos César, a função passou a ser desempenhada também por diretores regionais que, lembre-se, não são membros do Governo, como ainda hoje acontece.

Até vi, e escrevi criticando, um diretor regional com precedência sobre o presidente da Câmara em sessões solenes, aqui na ilha do Faial. Felizmente essa prática foi abandonada.

Também vi um chefe de gabinete ocupando o lugar do secretário regional no protocolo. Enfim, estava quase tudo visto. Faltava assistir à promoção do assessor.

No caso do Comando Regional da PSP, o dito representante até discursou.

Assim se vai subtraindo dignidade às instituições.

Como se já não bastasse a desvalorização a que o povo cada vez mais vota os políticos, são eles a ajudar a festa.

O protocolo existe porque tem razão de existir e deve ser respeitado.

Quando no início deste texto falava de boa educação, referia-me à degradação geral a que se vai assistindo na relação entre as pessoas.

Não é preciso uma lei para saber que os mais velhos merecem o nosso respeito. Para, por exemplo, um cavalheiro dar lugar a uma senhora. Ou para alguém que se levanta da mesa deixar a cadeira para dentro. São tantos os casos que poderiam servir de exemplo.

Voltando ao atropelo às precedências no protocolo, para concluir, o episódio do assessor fez-me pensar que qualquer dia entro numa igreja e vejo o sacristão promovido a oficiante na missa.

Sou apreciador do protocolo porque respeito as instituições. Seja na política, na Igreja, ou simplesmente na vida, Neste caso não é regulado por lei, mas apenas pela boa educação.

Fico quase chocado quando vejo atropelos, sobretudo se têm origem nas próprias instituições que assim não se dão ao respeito.

Na semana passada vi no Telejornal da RTP Açores as comemora…





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