Vou escrever sobre a atualidade, como costumo fazer. Mas permito-me um preâmbulo porque também costumo ter memória. E já agora algum brio profissional.

Pouco depois do novo Governo da coligação ter tomado posse escrevi aqui no INCENTIVO que os secretários regionais do Faial não estavam a ajudar José Manuel Bolieiro.

Ora isso valeu-me, como é costume, uma série de críticas em surdina, o que aliás é normal, muito democrático e, passe a imodéstia, gratificante.

Nessa altura telefonou-me um membro destacado do PSD local, lembrando-me que não devemos dizer mal dos “nossos”. Os nossos eram evidentemente Manuel São João e Susete Amaro.

No Governo, para mim, pouco importa se são nossos ou não são nossos. Interessa-me que sejam bons. Lamento todavia que os melhores não sejam nossos.

Temos um novo Governo. Curiosamente, os dois titulares a que me referia na altura já nenhum está no Governo, em menos de quatro anos e depois de dois executivos.

Não vou agora chamar a mim a razão porque não preciso.

Vamos então aos exemplos da atualidade. Viria a propósito invocar a frase tantas vezes repetida, jobs for the boys. Há no PSD, no CDS e no PPM quem se recorde dela.

No primeiro Governo da coligação Sandra Goulart foi diretora regional da Administração Educativa. Saiu e passou a técnica superior especialista, que é a designação atualmente mais útil ao pessoal do Governo.

Ainda no primeiro Governo, Alice Rosa deixou de ser chefe do gabinete da secretária regional que a tutelava e passou a técnica superior especialista, noutra secretaria regional, que mais tarde abandonou.

Outro faialense, António Freitas, que no primeiro Governo foi secretário particular de Artur Lima, passou agora, no segundo, a técnico especialista, este não superior porque, como eu, para tanto carece de habilitação.

Soube-se recentemente que Rui Terra vai deixar a Portos dos Açores e passará a ser técnico superior especialista na secretaria regional do Mar e Pescas.

Estes são os exemplos de faialenses que me ocorrem de memória. Mas os “outros” também têm casos, como aquele que ainda esta semana referi em texto de opinião e que serve de exemplo. Trata-se de Pedro Faria e Castro que era membro do Governo anterior, não foi reconduzido no novo Governo e passou, adivinhem, a técnico superior especialista da presidência do Governo.

Dos nossos, ainda há Susete Amaro, que também foi membro do Governo anterior. Acaba de ser nomeada por Mário Rui Pinho. Não, não foi para técnica superior especialista. Foi para adjunta, o que vem a dar no mesmo.

Sem mais delongas parece-me desnecessário referir a que conclusão quero chegar. Não resisto, como gosto aliás de fazer, a ilustrá-la com uma história.

Quando os da minha idade jogavam à bola na escola havia uma prática que todos aceitavam. Era assim: depois de escolhidos os melhores jogadores pelos capitães das equipas, restavam os menos dotados. A frase que ninguém queria ouvir impunha-se como lei: “Vais para a baliza”.