Quando há eleições legislativas regionais nos Açores gosto de acompanhar os debates entre os candidatos dos diversos partidos nas diversas ilhas.
Há muito tempo que cheguei a uma conclusão: os problemas que mais tocam as pessoas nas nossas ilhas são, geralmente, a saúde e os transportes.
Na verdade são temas apaixonantes para qualquer político. A níveis diferentes, evidentemente, mas ambos do maior interesse. Na base do interesse está a nossa sempre presente condição de ilhéus.
Não me demorarei sobre a saúde, que está primeiro que qualquer outro. Vou deter-me nos transportes. Até porque é um assunto de grande atualidade.
No que respeita ao transporte marítimo as notícias não são boas. Temos os inconvenientes das escalas atrasadas e irregulares dos navios, que já motivou várias posições públicas, a mais recente das quais na última sessão da Assembleia Municipal.
Ao fim de tanto tempo a transportar mercadorias entre o continente e as ilhas parece que se desaprendeu. Anda o Governo para aí a encomendar estudos, segundo consta contratados a quem não está apetrechado para os fazer, e estamos pior do que estávamos.
Nem vale a pena falar nas famosas que foram aqui entre nós, plataformas logísticas. O que é preciso é que os navios nos tragam os produtos a tempo e horas.
No transporte aéreo toca-nos sempre a fava. Ou são viagens a menos, ou avarias a mais, ou qualquer outro inconveniente.
Recentemente soube-se mais uma da SATA. A companhia tem muito prejuízo porque o Governo da República não paga as Obrigações de Serviço Público. Até parece que a SATA transporta passageiros e carga de graça quando vem ao Faial. É tudo prejuízo.
Outro caso, menos falado mas decisivo, é o do transporte marítimo de passageiros. Sobretudo entre as ilhas do Triângulo.
Neste caso nem dependemos de fora. Temos os navios, temos a administração e temos o negócio, quer dizer, os passageiros.
Quem está tentando meter areia na engrenagem é o sindicato que representa os trabalhadores da Atlânticoline.
Claro que não vou discutir aqui as razões. Sabemos que é justo lutar pelos interesses de cada classe profissional, mas… que diabo, inventar uma greve com paralisação total em julho e agosto é como fazer pontaria para atirar a um boi.
É assim… Como se não bastassem os problemas que nos vêm de fora, arranjamos nós os nossos próprios problemas, cá dentro, para nos entretermos. O que é preciso é ser criativo.