Felizmente, a expansão do Aeroporto da Horta é um tema que muitos faialenses reconhecem como importante para o nosso desenvolvimento. Houve uma união de vontades e foi criado um grupo para defender este projeto, bem como para melhorar as acessibilidades aéreas na nossa ilha.
No entanto, surgem as antigas e confusas desculpas partidárias: A direita lembra constantemente a promessa feita por Carlos César num comício em Flamengos, onde afirmou "...se a república não fizer, nós faremos...", e critica repetidamente a falta de compromisso dos governos socialistas com este projeto ao longo dos anos.
Por sua vez, a esquerda não esquece as declarações do então Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho, no Salão Nobre do Município da Horta, em 27 de outubro de 2014: "Se, por parte da ICAO, vier uma deliberação estrita no sentido de que, por razões de segurança, o prolongamento da pista tem mesmo de ser feito, evidentemente que o concessionário não deixará de o fazer. Mas, se não for nessa circunstância, isto é, se resultar apenas da nossa opção, parece-nos que o retorno que é esperado face ao investimento torna muito difícil que nós o possamos concretizar, na medida em que teríamos nós de o suportar, face ao compromisso tomado pela concessionária".
A esquerda também tem críticas em relação à forma como o Governo da República, liderado pelo PSD/CDS entre 2012 e 2013, conduziu a privatização da ANA-Aeroportos, que incluía a gestão do nosso Aeroporto. Uma das críticas é que esse processo não acautelou adequadamente a expansão e desenvolvimento do Aeroporto da Horta, tendo-o deixado condenado aos caprichos e desejos da empresa francesa VINCI.
Em última análise, todos nós nos agarramos às boias de salvação que mais nos convêm, perpetuando um ciclo de retórica vazia que não nos leva a lugar algum. As disputas partidárias e os cronogramas para a divulgação de notícias com objetivos políticos apenas adicionam confusão e mal-entendidos.
Recentemente, foi anunciado que a empresa concessionária do Aeroporto da Horta está a preparar-se para efetuar obras nas áreas de segurança da pista, “uma obrigação que terá de cumprir ao longo do ano de 2024”. Estas obras, a serem concretizadas irão reduzir o comprimento útil da pista para 1400 metros, o que impedirá a aterragem dos aviões A320.
Curiosamente este tema não recebeu nenhum destaque durante a campanha para as eleições regionais, realizadas no passado dia 4 de Fevereiro. Terá havido esquecimento ou desconhecimento? O Grupo de Trabalho da CMH, o Governo Regional e o Governo da República estarão desinformados sobre o andamento deste processo ou fizeram diligências sobre este assunto?
Cabe a quem de direito falar com clareza aos faialenses, salvaguardando os nossos interesses, pois já chega de criar a ilusão. A disseminação de notícias não confirmadas e prejudiciais à economia local tem efeitos devastadores. Os empresários, responsáveis por impulsionar o investimento e o crescimento económico, enfrentam um dilema sério ao considerarem a realização de novos investimentos na ilha do Faial. Como se investe numa terra constantemente bombardeada por notícias negativas, que minam a confiança e afetam a estabilidade financeira?
As incertezas geradas por estas notícias criam um ambiente de hesitação e desconfiança, desencorajando potenciais investidores e prejudicando o nosso desenvolvimento. É por isso fundamental reconhecer a importância de verificar a consistência das informações antes de divulgá-las publicamente.
O Grupo do Aeroporto da Horta está a agir bem ao expressar preocupação e mobilizar esforços. Não podemos é permanecer constantemente nas notícias negativas e a olhar para o passado; é crucial avançar e não ficar sempre entre as “RESAs” e descolagens comprometidas.
No entanto, como mencionado anteriormente, cabe aos responsáveis políticos encerrar esta possível especulação, antes das próximas eleições do dia 10 de Março e elucidar se estamos ou não diante de um problema sério a curto prazo. Sem essa clareza, permanecerá a incerteza sobre se estamos novamente confrontados com mais um episódio em que os interesses político-partidários prevalecem sobre o interesse coletivo.