António M. Fernandes

Dois fidalgos na ilha

25 de Novembro de 2022


É sempre perigoso referir nomes de pessoas concretas nas colunas de um jornal, mas às vezes não há alternativa.

Dois homens cultos, elegantes, superiormente dotados e educados, quiseram e souberam conduzir este faialense de torna-viagem, vezes sem conta, através de todos os recantos da cidade e da ilha – ela que cabe, com sobras, numa freguesia de Lisboa, mas tem infinitamente mais que ver -- , na postura mais modesta e discreta que se possa imaginar, explicando tudo, narrando tudo, fazendo tudo rebrilhar de interesse e de significado. O signatário não era autarca, nem governante, nem deputado, nem pessoa de fortuna – era apenas um cidadão simples que, volta e meia, arribava ao Faial com a alma a cantar sem saber bem por quê.

Um desses homens, justamente a primeira testemunha do “regresso”, é (quero manter o presente) Manuel Bettencourt da Rosa. Sempre impecavelmente vestido no seu fato-e-gravata, falando pausadamente e em tom suave, revelando um nível invulgar de conhecimento e reflexão, acolheu este escrevente, até então desconhecido, exactamente como se acolhe uma pessoa do próprio sangue, talvez ele próprio emocionado com o encanto e o entusiasmo do retornado. Por covardia, nas últimas visitas à Horta não quis perguntar por ele.

O outro é João Corvelo, um corvino que até há pouco dirigia o aeroporto da Horta – homem elegante e insinuante, um desportista e um amante das tecnologias e das aventuras correspondentes. Também ele, mais tarde, acolheu muitas vezes o signatário com enorme generosidade, satisfazendo com infinita paciência e pleno saber todas as perguntas, rodeando-o de comodidades e de atenções.

E tudo isto sem nenhum antecedente nem nenhuma razão – para além da qualidade das pessoas e, seguramente, do seu próprio amor a esse pedacinho de terra a boiar no oceano imenso.

É sempre perigoso referir nomes de pessoas concretas nas colunas de um jornal, mas às vezes não há alternativa.

Dois homens cultos, elegantes, superiormente dotados e educados, quiseram e souberam conduzir este faialense de torna-viagem, vezes sem conta, através de todos os recantos da cidade e da ilha – ela que cabe, com sobras, numa freguesia d…





Para continuar a ler o artigo torne-se assinante ou inicie sessão.


Contacte-nos através: 292 292 815.
158
Outros Artigos de Opinião
"Encontros e Desencontros"
João Garcia

AO ABRIR DA MANHÃ
.
"Matias Simão"
Jorge Moreira Leonardo

FOLHETIM
.
"SATA, quem tem o remédio certo: AVANCE!"
Carlos Faria

REFLEXOS DO QUOTIDIANO
.
"Mas que “Satisse”!"
João Garcia

AO ABRIR DA MANHÃ
.
"Controvérsias e Celebrações"
João Garcia

AO ABRIR DA MANHÃ
.
"Não sinto qualquer orgulho..."
Carlos Frayão

REFLEXOS DO QUOTIDIANO
.
"É preciso ser criativo"
Rui Gonçalves

A ABRIR
.
"Construindo o Futuro da Cidade e Atraindo os Jove…"
João Garcia

AO ABRIR DA MANHÃ
.
"A praga dos projetos de qualidade duvidosa"
Carlos Faria

REFLEXOS DO QUOTIDIANO
.
"Ligações Vitais"
João Garcia

AO ABRIR DA MANHÃ
.