Foi ao longo do ano de 2021, ainda no tempo do anterior elenco camarário socialista, que se soube dos defeitos de construção do edifício destinado a parque de estacionamento coberto e então recentemente construído na rua de São João. O assunto foi mesmo tema de debate na campanha eleitoral: demolir ou corrigir estruturalmente este imóvel efetuado com dinheiros públicos e apoiado por fundos comunitários.
Então ficou evidente a tentativa do anterior Presidente da Câmara em salvar a sua face e apostar na ideia de viabilidade em se reparar o problema sem demolir o edifício, caso contrário seria assumir publicamente um fiasco em matéria de uma obra do seu mandato.
Oficialmente a solução ficou adiada para os resultados de posteriores perícias, mas a situação estava já inquinada. Na verdade, mesmo reconhecendo a possibilidade de reparação, quem se atreveria a circular e a deixar o seu carro dentro de um edifício depois das desconfianças de problemas de construção defeituosa iniciais?
Contudo ficou um presente envenenado para quem fosse eleito e, com a mudança de força política nos destinos da autarquia, deixou de haver motivos para deixar escondido este gato com o rabo de fora e agora o problema foi colocado às claras: demolir e reconstruir é mais barato e, sobretudo, aos olhos dos cidadãos, mais fiável.
Apesar de o Município ter optado pelo que me parecer ser a melhor solução, foi um erro do passado com custos financeiros para o presente. Foram gastos dinheiros públicos numa obra para ser demolida e sabe-se lá quando a justiça julgará os culpados e suspeito de outro caso onde a culpa morrerá solteira.
Haverá quem pense que o melhor agora seria fazer um parque mais barato e térreo, esquecendo-se que o implementar neste momento um projeto diferente do que foi antes aprovado e apoiado pela União Europeia obrigaria a devolver os dinheiros já gastos e poderia conduzir a outras penalizações para o Município em futuras candidaturas as fundos comunitários.
Este foi o ultimo exemplo de como antes, além de não se terem feito muitos dos projetos considerados essenciais - como era o do saneamento básico da cidade da Horta, de que já ninguém fala do fiasco que foi - muito do pouco que se fez, foi mal feito. Este caso do parque veio pôr isso às claras.
Mais incómodo ainda é o empreendimento que ainda estava em carteira, mas já em condições para arrancar e que veio com defeitos escondidos. Presentemente, é o atual elenco que tem de aguentar com as denúncias que tantos agora fazem da empreitada da frente-mar na avenida marginal, só não vejo ninguém a pedir contas a quem deixou um legado assim, exige-se tanto como se tudo fosse possível corrigir de repente e não houvesse compromissos de prazos assumidos pelos fundos comunitários. Incumprimento que poderia criar outros buracos financeiros impossíveis de gerir sem maiores danos para o Município.
O Povo costuma dizer que depressa e bem não há quem, mas eis que ao sair-se recentemente de um ciclo político em que se fazia pouco, devagar e mal, agora pedem-se correções rápidas e veem-se opiniões contrárias como se fosse possível ter decisões que agradassem a todos em simultâneo e isto logo a seguir a tantos erros tolerados e lentidão impune ao longo de anos.
Compreendo que se corrija o que está mal dentro das obras em curso, mas no respeito das condicionantes técnicas, legais e nos prazos, para que não se tenha a seguir de devolver dinheiro, ou seja deitar mais dinheiro para o lixo. Choca-me ver alguns culpados agora a protestar alto de tudo isto, como se fossem inocentes e em desrespeito de todos os Faialenses que de facto são as suas maiores vítimas.