Carlos Faria

Dinheiro para o lixo

21 de Março de 2023


Foi ao longo do ano de 2021, ainda no tempo do anterior elenco camarário socialista, que se soube dos defeitos de construção do edifício destinado a parque de estacionamento coberto e então recentemente construído na rua de São João. O assunto foi mesmo tema de debate na campanha eleitoral: demolir ou corrigir estruturalmente este imóvel efetuado com dinheiros públicos e apoiado por fundos comunitários.

Então ficou evidente a tentativa do anterior Presidente da Câmara em salvar a sua face e apostar na ideia de viabilidade em se reparar o problema sem demolir o edifício, caso contrário seria assumir publicamente um fiasco em matéria de uma obra do seu mandato.

Oficialmente a solução ficou adiada para os resultados de posteriores perícias, mas a situação estava já inquinada. Na verdade, mesmo reconhecendo a possibilidade de reparação, quem se atreveria a circular e a deixar o seu carro dentro de um edifício depois das desconfianças de problemas de construção defeituosa iniciais?

Contudo ficou um presente envenenado para quem fosse eleito e, com a mudança de força política nos destinos da autarquia, deixou de haver motivos para deixar escondido este gato com o rabo de fora e agora o problema foi colocado às claras: demolir e reconstruir é mais barato e, sobretudo, aos olhos dos cidadãos, mais fiável.

Apesar de o Município ter optado pelo que me parecer ser a melhor solução, foi um erro do passado com custos financeiros para o presente. Foram gastos dinheiros públicos numa obra para ser demolida e sabe-se lá quando a justiça julgará os culpados e suspeito de outro caso onde a culpa morrerá solteira.

Haverá quem pense que o melhor agora seria fazer um parque mais barato e térreo, esquecendo-se que o implementar neste momento um projeto diferente do que foi antes aprovado e apoiado pela União Europeia obrigaria a devolver os dinheiros já gastos e poderia conduzir a outras penalizações para o Município em futuras candidaturas as fundos comunitários.

Este foi o ultimo exemplo de como antes, além de não se terem feito muitos dos projetos considerados essenciais - como era o do saneamento básico da cidade da Horta, de que já ninguém fala do fiasco que foi - muito do pouco que se fez, foi mal feito. Este caso do parque veio pôr isso às claras.

Mais incómodo ainda é o empreendimento que ainda estava em carteira, mas já em condições para arrancar e que veio com defeitos escondidos. Presentemente, é o atual elenco que tem de aguentar com as denúncias que tantos agora fazem da empreitada da frente-mar na avenida marginal, só não vejo ninguém a pedir contas a quem deixou um legado assim, exige-se tanto como se tudo fosse possível corrigir de repente e não houvesse compromissos de prazos assumidos pelos fundos comunitários. Incumprimento que poderia criar outros buracos financeiros impossíveis de gerir sem maiores danos para o Município.

O Povo costuma dizer que depressa e bem não há quem, mas eis que ao sair-se recentemente de um ciclo político em que se fazia pouco, devagar e mal, agora pedem-se correções rápidas e veem-se opiniões contrárias como se fosse possível ter decisões que agradassem a todos em simultâneo e isto logo a seguir a tantos erros tolerados e lentidão impune ao longo de anos.

Compreendo que se corrija o que está mal dentro das obras em curso, mas no respeito das condicionantes técnicas, legais e nos prazos, para que não se tenha a seguir de devolver dinheiro, ou seja deitar mais dinheiro para o lixo. Choca-me ver alguns culpados agora a protestar alto de tudo isto, como se fossem inocentes e em desrespeito de todos os Faialenses que de facto são as suas maiores vítimas.

Foi ao longo do ano de 2021, ainda no tempo do anterior elenco camarário socialista, que se soube dos defeitos de construção do edifício destinado a parque de estacionamento coberto e então recentemente construído na rua de São João. O assunto foi mesmo tema de debate na campanha eleitoral: demolir ou corrigir estruturalmente este im&oacut…





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