O vereador João Bettencourt, do PS, levantou o problema do transporte marítimo de mercadorias para o Faial na última reunião da Câmara.
Para o socialista é necessário ouvir a opinião da Câmara e das forças vivas locais sobre o assunto.
O caso da nova tentativa que se afigura no horizonte de estabelecer os portos de Ponta Delgada e da Praia da Vitória como “hubs” na distribuição de mercadorias pelas outras ilhas dos Açores foi levado à Câmara, na semana passada.
Começando por questionar o vice-presidente da Câmara, que presidia à reunião por ausência, aliás frequentemente repetida, do presidente, sobre os atrasos nas escalas dos navios de contentores no Faial, João Bettencourt perguntou qual era a posição da autarquia sobre o assunto.
Carlos Morais respondeu, tentando deitar água na fervura, considerando que o problema só surgiu agora porque estamos a entrar em ano eleitoral.
As críticas a estes atrasos têm sido audíveis, nomeadamente por parte dos empresários que têm dificuldade em assegurar o fornecimento de bens essenciais à população.
O assunto não é novo e isso mesmo Carlos Morais teve o cuidado de recordar. Foi para a reunião munido de informação objetiva sobre a regularidade da operação no porto da Horta.
Quando se ouve contestação frequente ao incumprimento do calendário das escalas dos navios no porto da Horta, o vice-presidente da Câmara optou por lembrar os anos anteriores.
Disse Carlos Morais que se registaram mais atrasos em 2022 do que em 2023. E apresentou números que o confirmam. O que o levou a concluir que o problema só surgiu publicamente agora por estarmos a entrar em ano de eleições.
Sobre o assunto lembrou que o presidente da Câmara já reuniu com a secretária regional que tem a tutela dos transportes. A verdade é que ainda não se conhece qualquer evolução, uma vez que os atrasos se continuam a registar.
Carlos Morais, no registo habitual das suas intervenções em reuniões da Câmara, de culpar os socialistas, lançou sobre a oposição a acusação de interesse eleitoral.
Concretamente sobre o estudo relacionado com o transporte marítimo de mercadorias, João Bettencourt lembrou iniciativas públicas da chamada sociedade civil quando, há anos, o Governo do PS tentou alterar as regras de distribuição de carga pelas ilhas.
Assumiu particular relevo, na altura, uma sessão pública promovida pelo jornal INCENTIVO e a rádio local Antena Nove, que transmitiu em direto, realizada no auditório da Biblioteca, em que participaram muitos cidadãos interessados, entre os quais um membro do Governo de então e muitos empresários.
Quanto a esse assunto, Carlos Morais adiantou que a Câmara tem a sua opinião mas só a fará chegar a quem de direito quando for conhecida a opção do grupo de trabalho encarregado pelo Governo de analisar o já referido estudo. Isso será feito através de relatório.
Lembrou que esta questão já é discutida desde o tempo dos Governos de Mota Amaral. E a verdade é que, até agora, continua tudo como d’antes e Quartel General em Abrantes.
Apesar do assunto ter sido levantado pelos vereadores da oposição, o executivo da Câmara não mostrou especial abertura para a sua discussão.
Com Carlos Ferreira ausente, restou a Carlos Morais atacar o PS, empurrando o assunto, como se costuma dizer, com a barriga para a frente.