Acaba de passar mais uma semana em que o parlamento dos Açores esteve reunido em plenário.
Desta vez vou salientar um aspeto relacionado com a ilha do Faial que, a mim e certamente a muitos faialenses, suscita atenção. É, mais uma vez, o caso do Aeroporto da Horta.
O Partido Socialista entendeu apresentar, pela voz de Inês Sá, um voto de protesto pela exclusão de qualquer referência à ampliação da pista no Orçamento do Estado, ao contrário do que tinha acontecido em anos anteriores.
Não vou discutir a necessidade ou a justeza desta inclusão. Vou apenas ater-me ao comportamento dos partidos.
Os argumentos do PS já eram conhecidos, com principal relevo para a necessidade de não deixar cair o assunto.
Coube a Salomé Matos apresentar o argumento mais consistente para justificar o voto contra do PSD. Será porventura o de que o processo está a seguir o seu caminho com normalidade, tanto mais que o projeto já está em elaboração.
Ora, na Assembleia Municipal de dezembro, o Partido Socialista havia apresentado um voto com o mesmo teor, que mereceu a concordância dos deputados municipais do PSD, liderados por Hugo Parente, conhecido por verter argumentos de rajada.
Mesmo admitindo que se trata de órgãos diferentes não é muito fácil compreender a divergência no sentido do voto. Afinal os nossos eleitos trabalham e lutam todos pelo interesse da sua ilha… ou nem tanto.
Este é o grande problema desde que temos democracia e autonomia. E tem-no sido para os dois partidos que nos têm governado, na Câmara e no Governo Regional.
Quando é fácil votar, porque não vai causar problemas a ninguém, até se vota a favor de propostas dos outros. Quando é difícil, quando o lugar pode ficar em perigo, aí é que a porca torce o rabo.
A questão que deixo é esta: os argumentos que servem para a Assembleia Municipal não servem para a Assembleia Regional?
O partido é o mesmo. Os eleitos têm todos o mesmo desígnio, o de lutar pela sua ilha. Ou o último slogan de campanha do PSD não teria sido “Unidos pelo Faial”.
Só encontro uma explicação, aliás a de sempre. O partido regional não aceita facilmente uma posição do partido local.
E assim uma deputada perde a coragem, a coerência e a razão. Não sei o que Hugo Parente lhe terá dito, mas a verdade é que Salomé Matos o deixou sem água no leme, retirando todo o efeito que o protesto poderia ter alcançado com a aprovação unânime pela Assembleia Municipal.
A comissão política da ilha do Faial do PSD acaba de ir a votos. Foi eleito, meio secretamente, Carlos Ferreira para presidente, substituindo Ilídia Quadrado.
Não acredito que as coisas se endireitem. Há muita gente em lugares de relevo que não largará o osso enquanto o Partido estiver no poder.
O pior são essas subterrâneas e influentes lideranças importadas. Terão sempre mais dificuldade em impor-se ao poder regional.