Recentemente ao passar pela rua do Pasteleiro fiquei impressionado com a dimensão das estruturas do Tecnopolo MARTEC e deu para perceber porque este é um dos maiores investimentos que se faz no Faial há várias décadas.

Ao olhar para o edifício em construção, percebi então quão longe se está daquele ciclo político, iniciado na transição entre o século XX e o XXI, quando os maiores líderes políticos desta ilha defendiam a ideia “small is beautiful”, para assim justificar a não concretização de grandes investimentos no Faial.

Infelizmente, o ciclo “small is beautiful” perdurou por décadas, um período em que o maior projeto municipal: o saneamento básico, nunca viu a luz do dia como deveria ter visto, a variante foi decepada em Santa Bárbara, o poder instalado não era solidário nos protestos para a ampliação do aeroporto, nada se fez para evitar a saída da rádio naval, etc.

O atual ciclo político já se vê que é bem diferente da estratégia do “small is beautiful”, este entrou com perspetivas muito elevadas e, neste, o tamanho e a qualidade passou a importar também, só que a velocidade de concretização não é suficiente para satisfazer as perspetivas criadas.

Isto apesar de o Ministro Adjunto da Coesão Territorial ao vir recentemente à ilha do Faial e ao visitar a obra da Segunda Fase da Variante à Cidade da Horta - outro projeto decepado pelo anterior ciclo político e que, o novo ciclo governativo, não só ampliou, como também o melhorou e já o constrói em velocidade cruzeiro aquilo que antes se arrastou por mais de 20 anos, agora nem foram precisos três anos para se iniciar - aquele governante tornou público que o ritmo de concretização do Plano de Recuperação e Resiliência nos Açores (PRR) era muito maior do que o do Continente.

Assim, entrámos num ciclo governativo que retomou parte de obras e dos investimento dos anseios dos Faialenses há muito e nalguns casos pelo menos é mais rápido.

Nos últimos dias, os Faialenses foram informados ainda que o Tribunal de Contas já emitira o visto relativo à execução do projeto de ampliação da pista do aeroporto da Horta. Eis outra reivindicação que no atual ciclo político se tem visto um envolvimento como nunca antes se vira, apesar de no final do anterior o município já ter começado a arrepiar caminho e a tentar reabilitar-se do marasmo em que caíra nesta matéria, e Bolieiro também terminou com a fincada teimosia do Governo dos Açores de Cordeiro em que este não se comprometia financeiramente com este investimento.

O reordenamento da baía sul do porto da Horta talvez seja a única intervenção significativa herdada do passado que não teve um novo incremento com a mudança de ciclo. Melhor seria dizer: um novo arranque, pois intervenção de fundo é algo que já não se fazia nesta zona há uma década.

Infelizmente, depois do enorme atentado que foi encolher o projeto da baía norte deste porto, sem dúvida o climax do ciclo “small is beautiful” no Faial, com a agravante de tal ser efetuado na cidade-mar que devia a sua importância à sua baía portuária, aquela redução parece ter comprometido em definitivo o futuro de toda esta infraestrutura e impediu desde então todos os projetistas de encontrarem soluções viáveis de consenso entre dono da obra e a população, este impedimento que veio do anterior ciclo ainda não foi ultrapassado, um efeito resultante de um encolhimento tão grave feito no Faial em algo onde o tamanho importava e para a qual ninguém consegue desde então encontrar remédio, mesmo que haja boa-vontade.

Sim, existem muitas pequenas obras locais que não têm sido executadas e, pela proximidade das mesmas às populações, é fácil com elas despertar emoções e descontentamentos com o atual ciclo político, só que, passados quatro anos e no momento em que deveria ter decorrido o primeiro julgamento em eleições, é fácil já de ver que no Faial, desde 2021, não só se incrementou a execução de grandes obras, como se tem feito maior, melhorado projetos engavetados e se está a executar de forma mais rápida o que antes não avançava.