A notícia que circula desde ontem sobre as declarações de Artur Lima que se referiu à falta de lugares nos aviões nas viagens entre os Açores e Lisboa está a dar que falar. E não é para menos.
O vice-presidente do Governo foi claro. Parece não haver lugar a problemas de descontextualização.
Começou por dizer que o interesse do Governo é “captar rotas” e “melhorar a mobilidade dos açorianos, sobretudo para o Grupo Central”.
Como sabemos a TAP já voa para São Miguel e Terceira, que são as rotas liberalizadas nos Açores. Ele quer captar rotas. Para onde? Para que ilha?
Depois fugiu-lhe a boca para a verdade e disse que ia tentar, junto da administração da TAP, o “incremento de frequências”. Não disse para onde, mas é legítimo concluir que é para a ilha Terceira.
Estas declarações de Artur Lima levantam-me dúvidas. Se aquilo de que se está a falar é de mobilidade dos açorianos, a sua promoção, dinamização e acompanhamento cabe, no seio do Governo, a Berta Cabral, que é a secretária regional da Mobilidade. Artur Lima é responsável apenas pela aerogare civil da Lajes.
Muito poder deve ter Artur Lima no Governo para ultrapassar assim Berta Cabral, com o consentimento de Bolieiro. E não é a primeira vez. Desde logo na orgânica do Governo.
Este Governo tem muitos problemas e um deles é não sabermos quem lidera ao nível da presidência, como também não sabermos como é que alguns membros do Governo se arrumam quanto a competências.
A atribuição da tutela da aerogare das Lajes a Artur Lima é, para mim, incompreensível. No plano lógico, evidentemente, já que no plano político é outra coisa.
Como toda a gente sabe Artur Lima é mal visto em São Miguel. Para não ficar com a sua falange de apoio reduzida apenas à Terceira, podia tentar alargar um pouco a sua influência a outras ilhas. Nomeadamente ao Grupo Central, como ele próprio disse nas suas declarações. Mas parece não estar interessado nisso.
Veja-se o caso do Tecnopolo da Horta. Se fosse por ele, o edifício não estaria em construção neste momento. Foi ele que se opôs, dentro do Governo, à instalação de uma estrutura daquele género na ilha do Faial, argumentando que a ilha já tinha a Escola do Mar.
Desta vez perdeu.