A nossa Câmara convidou recentemente a população para a apresentação pública de um estudo com vista à construção, no Faial, de uma residência universitária.
Compareceram nos Paços do Concelho alguns interessados, especialmente ligados à Universidade. Compareceram também aqueles que, coitados, são convidados para tudo e não conseguem institucionalmente livrar-se da responsabilidade de comparecer. Da população não estava ninguém.
Para já isto deve merecer uma análise. As pessoas não comparecem porque o assunto não as motiva. Trata-se de um tema consensual e pacífico que ninguém contesta.
Assim é fácil convocar os cidadãos. Tira-se muitas fotografias e todos ficam bem.
Mas falta outra determinação quando o assunto é delicado. Quando são conhecidas vozes contra, isto é, quando a assunto não é pacífico. Foi o que aconteceu, por exemplo com o projeto da variante à cidade da Horta. Todos a querem ver construída, mas há quem contesta a opção. Neste caso, ninguém se lembrou de fazer uma apresentação pública.
Recordo que, há um ano, a Assembleia Municipal aprovou um documento pedindo ao Governo Regional, o dono da obra, a realização de uma sessão pública de apresentação do projeto.
O presidente da Câmara, presente na sessão da Assembleia Municipal de junho do ano passado, manifestou a sua disponibilidade para interceder junto do Governo Regional no sentido de o mesmo levar a efeito a solicitada apresentação pública.
Passado um ano, com a obra já iniciada, alguém viu um convite à população para a apresentação pública do projeto da variante? Eu não vi.
E não me venham dizer que entretanto o Governo caiu e entrou em gestão. A verdade é que apesar da queda do Governo a obra já se iniciou.
É assim a vida política. O principal é o que dá jeito aos próprios políticos. O que interessa à população é outra coisa.
Quando celebramos 50 anos sobre o 25 de Abril, o dia da liberdade, alguns protagonistas da nossa vida política parecem saudosos de um tempo que não viveram, mas que sobre eles ainda infunde algum encanto.
Não creio todavia que o problema esteja na nostalgia. Está na atualidade. Está na visão que cada um tem do serviço público. Está, afinal, na capacidade de cada um dos políticos que dirigem a nossa vida coletiva. Em vez de coragem, exibem cobardia.