Premium, luxo, especial, experiências únicas e imperdíveis… Qualquer folheto promocional que se preze tem que ter estas palavras-chave, sobretudo quando se trata de turismo.
Façamos um exercício de interpretação…O que significam estes termos de um ponto de vista de marketing? Simples: público restrito, com recursos económicos.
Ver esta terminologia usada para descrever o que está a acontecer no Parque de Campismo da Praia de Almoxarife, não pode deixar de nos causar apreensão.
Na praia do Almoxarife, havia um parque de campismo para todos, com preços acessíveis, onde famílias de poucos recursos, da ilha e também de fora, conseguiam passar umas férias sem empenhar o seu orçamento, onde os adolescentes e jovens podiam viver uns dias de liberdade naqueles rituais próprios da idade.
E agora? Neste momento, há poucas certezas. Sabemos que os preços dispararam, que não se podem montar tendas, pois trata-se de um conceito de glamping, existe a promessa, para o próximo ano, de serem criadas condições para escolas e associações usufruírem do parque.
A concessão de espaços públicos a empresas privadas deverá ser um último recurso, devendo sempre garantir a preservação do serviço público, ou seja, a igualdade de acesso a esse local. Será que isto está assegurado neste caso?
O turismo de luxo pratica preços incomportáveis para a maioria da população, elitiza. Trata-se praticamente de uma privatização. Veta o acesso da comunidade local a uma área de lazer pertença de todos, impedindo também que turistas com menos recursos possam desfrutar daquele espaço.
É este o turismo que nós queremos?