No dia 18 de novembro celebrou-se o Dia Europeu do Antibiótico.
As infeções bacterianas têm sido uma das principais causas de doença ao longo da história da humanidade. Com a introdução dos antibióticos, a partir da década de 40 do século passado, o problema foi diminuindo, o que permitiu salvar milhões de vidas. Contudo, duas décadas após a introdução dos primeiros antibióticos, surgiram as primeiras resistências adquiridas, permitindo às bactérias contrariar o efeito terapêutico desses antibióticos.
Nas décadas seguintes foram descobertos novos antibióticos que proporcionaram uma maior eficácia contra mais e diferentes bactérias. Mais uma vez, e de novo, as bactérias foram capazes de adquirir mecanismos de resistência contra os antibióticos descobertos.
Já no novo milénio começaram a aparecer, de forma consistente, bactérias multirresistentes (resistindo, como o nome indica, à quase totalidade, ou mesmo totalidade, dos antibióticos disponíveis). Ao longo do tempo, o número de resistências tem continuado a aumentar.
Apesar de toda a inovação tecnológica, a ciência não tem conseguido acompanhar esta rápida evolução dos mecanismos que tornam as bactérias agressivas, concretamente no que diz respeito à descoberta de novos antibióticos eficazes. Assim, a celebração deste dia vem destacar a importância que esta problemática merece, não só para a comunidade científica e órgãos de saúde, como para a sociedade civil.
Hoje, por todo o mundo, os profissionais de saúde são confrontados com infeções provocadas por microrganismos multirresistentes cada vez mais difíceis de tratar, tendo de recorrer a estratégias como o uso de antibióticos com toxicidades mais elevadas, a necessidade de utilizar mais do que um antibiótico, ou mesmo a recorrendo a tratamentos mais longos.
A Organização Mundial de Saúde estima que em 2050, a resistência aos antibióticos poderá matar mais que o cancro, atingindo o valor de 10 milhões de mortes por ano (totalidade da população Portuguesa).
É fundamental que todos nós entendamos que a toma de antibióticos, quando não adequada e/ou desnecessária, não é só um problema da pessoa que os toma, mas sim de todos nós. Qualquer pessoa pode até nunca ter tomado um antibiótico e ser infetado por uma bactéria multirresistente. Este é o verdadeiro drama da multirresistência, que passa a ser um problema de saúde pública, do qual todos nós somos responsáveis, podendo, no entanto, contribuir para a sua solução.
Assim, é importante saber que:
Contribua para o bem comum e para a saúde de todos nós!
RECOMENDAÇÕES GERAIS
Não adquira antibióticos sem receita médica, mesmo que já o tenha tomado.
Não insista com o seu médico para lhe prescrever um antibiótico.
Cumpra a toma do seu antibiótico da forma como lhe foi prescrito - dose correta, horários certos e duração do tratamento.
As constipações ou gripes são causadas por vírus e, por isso, os antibióticos não são indicados para o seu tratamento.
Não tome sobras de antibióticos que possa ter em casa, nem aqueles que possam ter sido prescritos a familiares ou conhecidos.
Previna infeções:
- lavando as mãos frequentemente;
- usando máscara quando tiver sintomas respiratórios
- preparando a comida de uma forma higiénica;
- evitando contactos com outras pessoas doentes;
- praticando sexo seguro e
- mantendo as suas vacinas em dia.
Em caso de dúvidas, procure o farmacêutico ou o seu médico.
Unidade Local do Programa de Prevenção e Controlo das Infeções e Resistência aos Antimicrobianos (UL-PPCIRA) do Hospital da Horta.