Jorge Moreira Leonardo

O Solar dos Castanheiras (VII)

22 de Novembro de 2023


Jorge ao chegar a casa encontrou a empregada que informou que os patrões tinham saído e a menina estava a dar aulas.

Jorge: - É justo! Foste a primeira a saber a má notícia, serás também a primeira a saber a boa. O dr. Paulo saiu em liberdade e tudo aponta para que seja provada a sua inocência. Ela instintivamente abraçou-se a ele possuída de transbordante alegria. Mas ambos sentiram necessidade de prolongar aquele abraço e não resistiram a unir as bocas num ardente e prolongado beijo. Quando se afastaram ele confessou: - Berta! Não posso ocultar mais. Eu amo-te. A que ela respondeu: - Também o amo sr. dr. desde o primeiro momento  em que o vi. Mas sempre assumi o meu amor por si como uma coisa impossível. Ainda que o meu amor fosse correspondido, qual seria a reacção dos seus pais? E que situação seria a sua quando se soubesse que o grande advogado é casado com uma criada de servir?

Jorge : - Mas que toca piano divinalmente. Vamos manter este segredo entre nós até se resolver o problema de minha irmã e o dr. Paulo. Não duvido que teremos neles dois grandes aliados. A propósito: - Está na hora de me contares onde aprendeste piano.

Berta nunca duvidando que aquela pergunta, iria surgir a qualquer momento, desde que fora surpreendida, já tinha engendrado uma história - com um quê de verdade e também alguma imaginação - que entendeu como credível.

Disse que após a morte dos pais, tinha sido admitida, como criada, na casa de uma professora de piano. Senhora que vivia só e que se afeiçoou a ela tratando-a como se fosse a filha que nunca teve. E quando não estava dando lições a alunos, dos quais obtinha os pobres cobres com que se sustentavam, dava-lhe umas lições. E até lhe reconheceu dotes excepcionais. Mas que morrera e que os parentes que nunca lhe ligaram, não tiveram qualquer escrúpulo em discutirem entre si a posse da modesta casa e os móveis que ela possuía. E apenas consentiram que ela ocupasse a casa até dar novo rumo à sua vida.

Ainda serviu à mesa num restaurante - isto ainda em França - mas quando amealhou o  suficiente para a viagem e para as primeira impressões, decidiu viajar para Portugal, país onde nascera, mas que, praticamente, só conhecia pelos relatos que os pais lhe faziam.  O resto o sr. dr. já conhece.

Entretanto os pais de Jorge chegaram a casa na companhia da irmã e ele relatou-lhes os últimos acontecimentos. E quando a irmã perguntou pelo Paulo, respondeu-lhe que ele decidira que só voltaria a entrar no solar, quando a sua inocência não oferecesse qualquer dúvida, o que infelizmente ainda não é garantido.

Repetiu que a audiência fora interrompida por um graduado da PSP, informando que um sem-abrigo tinha entrado na esquadra tremendo de medo, pois vira o assassino na rua. E quando lhe perguntaram o que o levava a fazer tal afirmação, ele respondeu que assistira ao crime e que só escapou com vida porque o assassino acreditou que ele era cego.

Acrescentou que o juiz exigira que a PJ iniciasse averiguações quanto ao novo suspeito. Mas que conseguissem provas mais seguras.

- Só nos resta aguardar e acreditar que a versão do sem-abrigo é verdadeira e que a PJ consiga confirmar.

Jorge ao chegar a casa encontrou a empregada que informou que os patrões tinham saído e a menina estava a dar aulas.

Jorge: - É justo! Foste a primeira a saber a má notícia, serás também a primeira a saber a boa. O dr. Paulo saiu em liberdade e tudo aponta para que seja provada a sua inocência. Ela instintivamente abraçou-se …





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