Foi há um mês (28 de Agosto) que partiste na tua grande viagem, meu Amigo Rui Simões. Sei que realizaste o grande desejo de te juntares à tua querida Fátima, o amor de uma vida a dois. Mesmo que ela tenha acompanhado todos os teus passos desde que partiu, sei, meu Amigo, que estás a inteirá-la de tudo, pois as saudades não tinham medida.
É lindo, admirável, e, sobretudo, muito raro a forma como falavas da Mulher da tua vida! Uma Mulher guerreira, determinada, confidente, companheira!... Apercebi-me disso nos relatos que deram corpo ao livro que viu a luz do dia em plena pandemia (Maio de 2020) e que tanta ansiedade provocou em nós dois, porque tu, meu querido Amigo, querias muito que ele estivesse concluído a tempo de homenageares a tua amada no dia do seu Aniversário: 13 de Maio! Foi uma corrida contra o tempo, mas lá conseguimos!
Fiquei tão contente por te ver assim feliz! Sinto um orgulho enorme por saber que contribuí para esse momento de especial felicidade. Não cabias em ti de alegria. Sempre que leio a Dedicatória, que escreveste no livro que me coube, não consigo evitar as lágrimas… mas passado pouco tempo dou comigo a sorrir. É tão verdadeira, tão sentida, tão amiga!
Hoje, ao pegar nestas “Pegadas” revivo todo o processo: as (muitas) conversas mantidas, o folhear dos álbuns com as fotografias que passei noites a digitalizar, a revisão de provas, a concepção da capa e da contra-capa, o papel que havia de ser usado, etc., etc.
E o abraço apertado, sentido, que demos quando pegámos no livro pela primeira vez!... Que emoção! Senti que explodias de contentamento e que os passos não acompanhavam a pressa de ir pô-lo nos Correios a tempo de os Filhos o receberem na data certa: 13 de Maio!
As tuas “Pegadas” livrescas foram prontamente oferecidas não só aos Filhos, mas, também, aos “especiais”: Familiares, Amigos e antigos Camaradas e Colegas.
Senti-me (e continuo a sentir) tão honrada por me teres confiado as memórias de uma vida e achares que podia reuni-las em livro. Um projecto pessoal, intimista, que foi partilhado com quem achaste que merecia. Claro que a seguir “choveram” tantos cumprimentos e contactos que passaste a ser telefonista. Mas soube tão bem, não é verdade? Tão bom! Tão gratificante! Senti que tinhas ganhado asas e voavas de felicidade para os braços da Aniversariante! Era o concretizar de um sonho antigo, (muito necessário!), coroado pela data memorável em que acontecia.
Tenho tanta sorte em ter um Amigo assim: simpático, divertido, multifacetado, sincero, directo, de palavra, amigo do outro, com quem se podia contar sempre, com um coração enorme e de uma sensibilidade tocante. Muitas vezes senti que éramos almas-gémeas!
A nossa Amizade não era antiga, mas parecia que nos conhecíamos desde sempre. As conversas fluíam, o tempo voava e no fim despedíamo-nos com a nossa famosa frase: “Vamos com fé!” Continuo a ouvi-la…
Há dias em que a saudade física se apodera de mim, mas logo de seguida olho para o lado e vejo-te com aquele sorriso franco, de mão dada com a tua amada, e soltamos uma estridente gargalhada, como era hábito.
Sei que nada de bom se perdeu e que esse “Alguém”, a quem sempre te referiste como sendo quem me tinha posto no teu caminho, continua em acção, agora com a tua ajuda!
A Amizade mantém-se e caminhamos sempre juntos. Os Anjos da Guarda são Amigos com asas.
Beijinho, “Vamos com fé!”
Do palco da vida (onde foste actor brilhante) para o paraíso (onde reencontraste o bálsamo para o teu inquietante psicológico), neste Setembro de 2023, ?
um abraço apertado da sempre Amiga
Cristina Silveira
(Em defesa da Língua Portuguesa, a Autora deste texto não adopta o chamado “Acordo Ortográfico” de 1990)