Convento do Carmo
A construção remonta ao século XVII, mais especificamente a 1652, sob a influência de D. Helena de Boim, esposa do então Capitão-mor Francisco Gil da Silveira. Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o convento foi entregue ao Estado, que em meados do século XIX instalou o exército no convento (que passou a ser quartel militar), tendo a igreja sido doada, pelo Estado, à Ordem Terceira do Carmo (que a detém até hoje).
O sismo de 1926 destruiu parte das estruturas, mas restam duas alas do claustro do final do século XVIII, sendo a única estrutura conventual ainda existente na ilha do Faial, que inclui o antigo refeitório conventual.
O Exército Português ocupou o edifício até 2004, quando saiu definitivamente da nossa ilha, deixando o edifício, sob responsabilidade do Estado Português, ao abandono até aos dias de hoje.
Em 2019, surgiu uma solução promissora que trouxe esperança à comunidade faialense. O Grupo Lux Mundi - Empreendimentos Hoteleiros, SA, apresentou uma candidatura ao programa REVIVA para a construção de um hotel de 5 estrelas nas instalações do antigo convento. Passados quatro anos, a degradante situação do edifício permanece sem que haja qualquer discussão ou atividade visível na sociedade faialense sobre o assunto.
É crucial compreender este hiato de tempo ou a, eventual, desistência de investimentos significativos para a cidade da Horta, como são os casos do antigo Grémio Literário Artista Faialense, situado no largo do Bispo, onde se iria instalar o “The Book Hotel”, boutique hotel, que está à venda, ou o investimento de recuperação da Casa das Torrinhas, também esta posta novamente no mercado imobiliário, para além das Termas do Varadouro, que permanecem, teimosamente, à espera de um privado, porque sucessivos Governos Regionais entenderam que no Faial deveria ser diferente das restantes estações termais, onde foi o Governo Regional a intervir.
Despejo
O Clube Naval da Horta foi despejado pelo Governo Regional das antigas instalações da Fábrica do Peixe, onde tinha armazenado parte da sua frota. É confrangedor o silêncio da Câmara e da Assembleia Municipal da Horta e até do Conselho de Ilha. Defender o que é nosso em primeiro lugar é um imperativo, sobretudo depois da recusa incompreensível da Secretária Regional, Berta Cabral, em ceder as antigas instalações da Gare Marítima para servir de ponto de armazenagem.
As entidades locais deviam questionar o Governo porque foi retirado do primeiro projeto do Tecnopolo – Martec (leia-se antigas instalações da Fábrica do Peixe) um espaço para o Clube em causa, pois estava assumido esse compromisso!
Geminação
A geminação entre a Horta e New Bedford foi formalizada há 51 anos, como o corolário de um conjunto de ligações históricas, sociais, económicas e culturais que remontam ao século XVIII.
A localização da ilha do Faial, fez da Horta a escolha natural de toda a navegação que atravessava o Atlântico, sobretudo após o século XVII. A localização geográfica e a presença consular americana nesta cidade contribuíram fortemente para a paragem das barcas baleeiras americanas, que aqui podiam descarregar o óleo processado a bordo, reabastecer de consumíveis e recrutar tripulação, muitas vezes clandestina - “de salto”, gerando, com este processo, uma primeira vaga de emigração de faialenses para os Estados Unidos da América, maioritariamente para a costa Leste. A cidade de New Bedford tornou-se o principal polo de acolhimento e fixação da comunidade emigrante açoriana. Aí se concentraram, na zona sul da cidade, numa área que passou a designar-se por “Little Fayal”, tal a expressão da presença de faialenses.
A existência desta grande comunidade açoriana em New Bedford foi determinante para que esta se tornasse um dos principais destinos da segunda vaga de emigração, após a erupção do Vulcão dos Capelinhos.
Nesta relação de geminação assume particular relevo a Regata Internacional de Botes Baleeiros, que teve a sua primeira edição em 2004. É, sem qualquer dúvida, um valioso contributo para a preservação e vivência de uma memória que é comum a estas duas comunidades.
O New Bedford Whaling Museum tem assumido um papel preponderante neste âmbito, tendo vindo a dar maior relevo às diferentes comunidades que tiveram contacto com a baleação americana. Neste âmbito, é de realçar o facto de os Faialenses e Picoenses terem sido a força dominante no final da baleação americana (1910-1927), ocupando posições de capitães baleeiros, oficiais, trancadores, e mesmo, de armadores. Reconhecendo a importância do passado e do património cultural comum às duas comunidades, este museu criou uma galeria dedicada exclusivamente aos baleeiros açorianos. Terá sido um verdadeiro contributo para o processo de geminação entre as cidades da Horta e de New Bedford.
O grande desafio, neste momento, é estabelecer as ferramentas necessárias para que a geminação entre as cidades de New Bedford e Horta seja cada vez mais efetiva e abrangente. Fez muito bem a Câmara Municipal da Horta em convidar o Mayor de New Bedford, Jon Mitchell e o Deputado Estadual Tony Cabral para visitar a nossa ilha, para assinalar o 65º aniversário do “Azorean Refugee Act”. Falta agora dar um passo em frente e reativar a Comissão de Geminação, constituída por instituições e pessoas de ambas as comunidades.