João Garcia

Da poluição às estradas abandonadas

17 de Agosto de 2023


Poluição

Quando discutimos poluição, geralmente ficamos concentrados nos resíduos, especialmente o plástico e nas mudanças climáticas, que são preocupações comuns que devem nos impulsionar a mudar nossos hábitos. No entanto, há outros tipos de poluição que também merecem nossa atenção. Na nossa cidade, enfrentamos um problema significativo de poluição sonora causada pelo trânsito, que persiste até altas horas da noite. Este problema tem-se agravado muito nos últimos anos, tornando-se até pior do que em muitas grandes cidades em termos de ruído.

A Câmara Municipal da Horta iniciou em 2006 o procedimento para a elaboração da carta de ruído deste concelho, desconhecendo-se se o mesmo foi concretizado, não existindo informação pública sobre tal facto.

Além disso, a poluição visual é evidente com placards de publicidade de diferentes tamanhos, que deveriam ser removidos das vias públicas, mas que persistem ao longo do tempo, muitos deles vão ficando de ato eleitoral em ato eleitoral, como que a marcar território. Outra questão que não é compreendida é como as empresas de telecomunicações e eletricidade, todas elas privadas, continuam a enfeitar as fachadas da cidade com fios e mais fios, além de colocar postes por toda a ilha, sem nenhum planeamento ou organização adequada. Antenas também são instaladas em áreas protegidas, ignorando completamente o ordenamento territorial.

É essencial criar uma consciencialização sobre esses problemas, pois eles têm um impacto direto na qualidade de vida das pessoas e no futuro que desejamos para nossa cidade. Precisamos abordar essas questões, em busca de soluções que promovam um ambiente mais saudável e agradável para todos os cidadãos. Somente assim poderemos garantir um futuro melhor.

Zonas Balneares

A mão humana não deve interferir em tudo, sobretudo no que se situa em áreas protegidas, nem levar todos os elementos para qualquer lugar. No entanto, a moda de instalar chuveiros em cada zona de banhos tornou-se um sinal de modernidade, mesmo sem as devidas infraestruturas de saneamento. Isso resulta numa realidade muito preocupante, na qual áreas que antes ofereciam banhos com água límpida e de qualidade excecional, agora apresentam águas, muitas vezes poluídas com sabão e outros resíduos, não há escolha!

Infelizmente, a presença de chuveiros gera, na minha opinião, uma péssima imagem, pois estão sempre sujos e provavelmente contaminados com microrganismos, podendo causar irritações e alergias na pele. Além disso, essa prática representa um exemplo negativo para o meio ambiente, demonstrando claramente como não devemos agir em áreas sensíveis e naturais.

Outro ponto preocupante é a forma como são realizadas as limpezas, quando ocorrem, utilizando produtos nocivos para a vida marinha. Ademais, há uma falta de manutenção adequada, o que resulta em desperdício de água durante vários dias.

Assim, é necessário repensar essa tendência, encontrar outras soluções mais sustentáveis de forma a garantir a preservação das zonas naturais.

Combate às infestantes

Nos últimos três anos, houve um retrocesso significativo no combate às infestantes, comprometendo décadas de trabalho e um investimento considerável. Locais emblemáticos como o Monte da Guia, o Vulcão dos Capelinhos, Morro de Castelo Branco e a Caldeira foram completamente negligenciados, abandonados à própria sorte.

Além disso, projetos essenciais como o reordenamento do Cabeço Gordo nem saíram da gaveta, e iniciativas importantes como os projetos LIFE Vidalia e o LIFE IP AZORES NATURA tiveram sua coordenação transferida do Jardim Botânico do Faial para a ilha Terceira, sem que nunca se tenha entendido a razão, retirando assim ao Faial um processo que estava muito bem coordenado.

Essa mudança também impactou negativamente os profissionais competentes associados a esses projetos e outros, que foram deslocados ou direcionados para atividades menos relevantes, desperdiçando todo o seu potencial, numa situação que considero lamentável.

Até a sede do Geoparque Açores foi deslocalizada do Faial para a Ilha Terceira, enfraquecendo ainda mais os esforços de preservação e o desenvolvimento que vinham sendo feitos na nossa terra.

Em resumo, a situação deteriorou-se significativamente ao longo desse período, representando uma perda considerável para o combate às infestantes e o progresso das iniciativas relacionadas. É essencial que sejam tomadas medidas urgentes para reverter esse cenário e retomar o compromisso com a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável.

Estradas abandonadas

As nossas antigas e encantadoras estradas regionais, outrora como jardins, transformaram-se em canaviais. As hortências antes distintas e belas perderam-se no meio do caos. Hoje só vemos ervas daninhas proliferando nas valetas e nos passeios, pois a limpeza tornou-se uma memória distante.

Os pisos das estradas regionais permanecem em péssimo estado sem que haja qualquer vislumbre de medidas para mudar este cenário desolador. Árvores e as canas crescem descontroladamente, obstruindo miradouros naturais que ofereciam vistas magníficas. A falta de recursos humanos, materiais e financeiros, resultam da falta de um planeamento adequado, em consequência de um cenário populista que se instalou na nossa sociedade, em que duas medidas em particular devem ser questionadas, a razão objetiva do fim dos programas ocupacionais e onde nos leva esta política de endividamento zero? Os resultados estão há visita de todos!

Poluição

Quando discutimos poluição, geralmente ficamos concentrados nos resíduos, especialmente o plástico e nas mudanças climáticas, que são preocupações comuns que devem nos impulsionar a mudar nossos hábitos. No entanto, há outros tipos de poluição que tamb&eacut…





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