Rui Gonçalves

O pássaro na mão

23 de Maio de 2023


Os problemas que têm surgido em catadupa no Governo da República não nos deixam refletir em outros assuntos, nomeadamente no que acontece mais próximo de nós. Não venho aqui hoje para escrever sobre o designado caso Galamba. Já basta o que se vai ouvindo todos os dias. Todavia quero partir de uma pequena reflexão sobre um tema, também ele de nível nacional: o discurso de Cavaco Silva. Vou fixar-me na repercussão que o mesmo pode ter nos Açores. O antigo Presidente da República ao dizer que o seu partido não deve apresentar-se às próximas eleições legislativas nacionais em coligação, deve ter mexido com os dirigentes sociais-democratas regionais. O principal argumento de Cavaco Silva é eleitoral. Ou seja, apresentou claramente a possibilidade do PSD conquistar uma maioria absoluta. Independentemente dos méritos do Governo Regional, que costumam reclamar, Bolieiro, Artur Lima e Paulo Estêvão devem ter pensado em coisas diferentes. Enquanto os líderes do CDS e do PPM podem ter visto o tapete a fugir-lhes debaixo dos pés, sobretudo se as eleições nacionais precederem as regionais e confirmarem o prenúncio, Bolieiro terá eventualmente pensado que a promessa de coligação eleitoral nos Açores foi precipitada. Numa coligação as vantagens são geralmente mútuas para os que a integram. No caso dos Açores porém parece-me que são muito maiores para os partidos mais pequenos. Com a situação nacional por que passa o CDS a última tábua de salvação que resta a Artur Lima é o PSD. Isto se não quiser dar o dito por não dito e aliar-se posteriormente ao Partido Socialista, como esteve em causa após as últimas eleições, o que não seria inédito nos dois partidos, lá e cá. Caso contrário restará a Artur Lima o lugar de deputado a que se habituou muitos anos. Tem trabalhado para isso principalmente na sua ilha, e terá sempre a ajuda de São Jorge onde parece não restarem dúvidas que Luís Silveira tem o caminho aplanado para ser eleito deputado. Quanto a Paulo Estêvão pode ser igualmente o regresso ao passado. Contando sempre com a eleição no Corvo, e também tem trabalhado para isso, fazer reeleger um deputado nas Flores, não concorrendo em coligação, talvez seja já uma miragem. Os dois líderes estão na corda bamba. O líder do PSD é que pode ter o pássaro na mão e deixá-lo fugir. 

Os problemas que têm surgido em catadupa no Governo da República não nos deixam refletir em outros assuntos, nomeadamente no que acontece mais próximo de nós. Não venho aqui hoje para escrever sobre o designado caso Galamba. Já basta o que se vai ouvindo todos os dias. Todavia quero partir de uma pequena reflexão sobre um tema, també…





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