A semana passada foi marcada no universo mediático regional pelo debate, no Parlamento, em torno do Plano e do Orçamento do Governo para 2023. Não sei se a transmissão das sessões legislativas pela RTP Açores avoluma o interesse pelo tema, mas faz aumentar o número de cidadãos que acompanham o plenário dos deputados. Fui um dos que, por dever de ofício e por interesse pessoal, todos os dias daquela semana ligou o televisor. Hoje venho a esta coluna para fazer uma crítica à RTP Açores. Criticar os deputados pelas cenas tristes a que assisti, fica para outra oportunidade. A RTP Açores decidiu, há muito tempo, transmitir em direto os debates. Estou de acordo. Até porque, assistir online não é a mesma coisa. A Televisão dispõe de várias câmaras, dá-nos perspetivas diferentes, grandes planos, por exemplo, de deputados e membros do Governo quando estão a ser visados. E dá-nos também o acompanhamento do jornalista, integrando-nos no contexto do que está a ser discutido, lembrando alguns pormenores e muita vezes interpretando respostas e reações, algumas em à parte que escapam ao telespetador. Coisas que não é possível observar online. A verdade é que a transmissão da RTP Açores padece de uma lacuna que considero indesculpável. Estamos nós a assistir ao debate e a Televisão corta a transmissão. Seja para publicar o Jornal da Tarde, às 13h00 e isso compreendo. Mas quando termina a transmissão às 18h00, já não compreendo. Há perguntas feitas aos membros do Governo e a gente está à espera das respostas e já não as ouve. É tudo uma questão de critério. Quando se transmite em direto é preciso ter em conta o interesse do telespetador. No meu caso, fico levado do diabo. Não ficaria se compreendesse o critério. Por exemplo, nas transmissões regulares da semana do plenário, levamos, normalmente à quinta-feira de manhã, com votos e mais votos, quase todos anacrónicos, de pesar, congratulação e quejandos, que não interessam, a maior parte deles, a ninguém. Insisto, é uma questão de critério. Talvez fosse possível, naquela semana, uma vez que está assumida a transmissão em direto do plenário, encontrar uma solução que visasse o interesse do público e menos os arranjos de uma programação que, às vezes, deixa muito a desejar.