Jorge Moreira Leonardo

Um Criado Titular (IV)

25 de Novembro de 2022


Maria abrindo a porta do salão: - A menina dá-me licença?

Laura: - Entra! Vamos continuar a conversa que meu pai interrompeu. Perguntaste-me porquê o meu interesse. Eu e o sr. conde amamo-nos, mas meu pai nem quer ouvir falar.

Maria: - Mas, então, como começou esse namoro?

Laura: - Foi numa festa em casa de um fidalgo amigo. Eu fui com os meus tios e primos. Mas meu tio fez-me jurar que eu não contaria a meu pai que tínhamos dançado a noite inteira.

Maria: - Então a conversa da srª. condessa com o menino, perdão, o sr. conde, era a respeito da menina. Pode dizer-me há quanto tempo o sr. Conde não lhe aparece?       

Laura: -Sei exactamente porque coincidiu com o dia em que o José foi admitido aqui em casa. Mas porquê a pergunta?

 Maria: - Nada! Perguntei por perguntar. E por que o José não dorme no quarto reservado ao criado. Tem conforto que baste!

Laura: Ele disse que vivia só com a mãe e que não a podia deixar só pelo menos à noite. E meu pai concordou. Mas agora é a minha vez de perguntar, porquê tanto interesse? Não me digas que já te apaixonaste pelo José.

Maria, benzendo-se: - Deus me salve e guarde! E se a menina me dá licença, tenho de preparar o jantar.

Laura, pensando: - Acusou o toque!

José entrando com os apetrechos de limpeza: - A menina aqui?

Laura: - Surpreendeste-te? Creio que vivo nesta casa, ou não? E tu que vens fazer aqui?

José: - Venho fazer limpeza.

Laura: - E quem te mandou?

José: - O patrão e até recomendou que me esmerasse! Laura: - Tem piada! Ele que não liga nada a essas coisas. José: - Mas amanhã é um dia muito especial é dia do vosso aniversário.

Laura: (tristemente) - Aniversário. Nem me lembro!

José: - E teremos festa rija. Bom jantar, boa música, convidados, etc.

Laura: - Só os meus tios e primos, não vem mais ninguém. O convidado que eu gostaria de receber não vem de certeza.                                                                                                                                                José: - Vem, sim senhora!

Laura: - Mas quem, se eu não fiz convites?

José: - Tem razão menina. Não vem ninguém. (não querem ver que ia descaindo)

Laura: - Estás a brincar comigo?

José, fingindo-se zangado:  - Eu a brincar? Não esperava essa. Eu que tenho sido da máxima seriedade e do máximo respeito. Eu que lhe dediquei a minha afeição. Eu minha senhora… (se digo que a amo escangalho o arranjo)

Laura, zangada: - Tu sim, vais ser despedido porque estás abusando da liberdade que te dei, chegando ao atrevimento.

José: - Chama atrevimento às palpitações dum coração que se sente ferido pela pertinaz teimosia de seu pai. Chama atrevimento… eu não digo mais nada.

Laura: - Este rapaz endoideceu ou eu estou a sonhar. Um criado. Não me faltava mais nada. Rapaz eu não te percebo.                                                                                     

José: - (mesmo não é fácil) Não me percebe, ainda não reconheceu nas minhas palavras o verdadeiro sentir daquele que a ama e a quem a menina entregou o seu coração?

Laura: - Falas do sr. Conde?

José: - Pois está claro. Então de quem havia de ser? Sentem-se passos do Barão. O diálogo é interrompido. José afasta-se.

Maria abrindo a porta do salão: - A menina dá-me licença?

Laura: - Entra! Vamos continuar a conversa que meu pai interrompeu. Perguntaste-me porquê o meu interesse. Eu e o sr. conde amamo-nos, mas meu pai nem quer ouvir falar.

Maria: - Mas, então, como começou esse namoro?

Laura: - Foi numa festa em casa de um fidalgo amigo. Eu fu…





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