Já expressara nesta coluna que, com o sucesso da White Expericence, a nova Câmara Municipal dera provas da sua grande capacidade em organizar eventos festivos de grande qualidade e, por isso mesmo, a bitola da expectativa de como seria a Semana do Mar em 2022 estava alta, a que acresci um conjunto de desafios devido à transferência das festas lúdicas da zona da Rosa dos Ventos, na Avenida Marginal, para a região do Parque Vitorino Nemésio, também conhecido por parque da Alagoa, e da Avenida Machado Serpa.

Então enumerei vários aspetos que me preocupavam: a disposição das estruturas ao longo do novo espaço de modo a ser confortável à circulação das pessoas na festa, as acessibilidades a esta, o problema do estacionamento e o não comprometimento da rede viária, ou seja, a Avenida 25 de Abril, a principal via da cidade que antes ficava cortada várias semanas sem uma adequada via alternativa de ligação entre o sul e o norte da cidade e da ilha. Assim, após ter visitado e participado nos festejos no fim de semana, vi que todos os desafios foram superados com êxito.

Ao falar com várias pessoas sobre como se sentiam na nova área, deu para perceber que, praticamente, todas foram curiosas e com algum receio e se, inicialmente e como diz a célebre frase: “primeiro estranha-se e depois entranha-se”, neste caso, todas começaram por se sentir desabituadas e acabaram por reconhecer que, no fim, até estavam mais à vontade a circular na festa.

A partir das minhas observações, tornou-se-me nítido que o que a zona dos restaurantes perdeu em vista para o Pico, foi bem mais compensada com privacidade e comodidade no polidesportivo do Fayal Sport, agora é possível comer-se sem se estar tão exposto aos curiosos mirones que circulavam pela avenida e com melhores condições de abrigo. Por sua vez, as tasquinhas parecem ter finalmente pequenas cozinhas com meios adequados às necessidades e continuam bem próximas dos maiores concertos.

Temos mais palcos temáticos, mais espaço e melhores condições para os interessados em eventos distintos se repartirem por zonas distantes sem interferirem uns com os outros e assim poderem ocorrer mais concertos distintos em simultâneo: chamarritas e folclore sem serem incomodadas pelo que se passa no palco do mar, filarmónicas bem no meio da festa sem serem afetadas pelo palco principal e, a unir tudo isto, pequenos quiosques com comes-e-bebes como forma de apoiar as instituições interessadas em particpar por esta via e daí tirarem receitas para as suas atividades. Deste modo, na festa nada se perdeu em matéria de oferta talvez até tenha aumentado, e ainda se melhorou nas condições e bem estar. Talvez nem tudo tenha sido perfeito mas o conjunto melhorou.

Já o palco principal ganhou em projeção para o público, muito mais exposto a um espaço em anfiteatro semicircular que até parece propositado para criar empatia entre músicos e ouvintes.

No que se refere às acessibilidades e ao estacionamento, a solução camarária de disponibilizar a circulação do mini-bus para recolher ao longo de grande parte da cidade condutores de viaturas, passageiros e ainda pessoas com dificuldade de mobilidade para participarem na festa, merece os meus elogios pela forma como superou os dois desafios que aqui colocara.

Por último, já há anos que eu protestava aqui pelo encerramento permanente da Avenida Marginal durante semanas devido ao transtorno que tal causava à circulação viária ao longo do dia, afetando não só residentes e turistas, mas, inclusive, atividades de abastecimento e de comércio de empresas, certo que o medo que alguns sentiam então em falar alto o que que aqui acabo de expressar, não os impedia de me dizerem em voz baixa para denunciar o problema.

Assim, embora talvez mais por necessidade do que por vontade de mudar o sítio da festa e talvez esta volte, num futuro próximo, à anterior zona: a verdade é que temos uma Semana do Mar onde a atual Câmara não só solucionou muitos dos problemas dos elencos passados que se arrastavam há longos anos, como ainda oferece melhores condições para a realização da festa. Parabéns!