José Couto

A Inevitabilidade dos Renováveis

15 de Junho de 2022


A 22 de fevereiro, o chanceler alemão Olaf Scholz tomou a decisão de suspender a certificação do gasoduto Nord Stream 2, e um dia depois, o Presidente Americano Joe Biden impôs sanções ao projeto, pelo que poderá nunca ser concretizado. Há quem diga que foi uma decisão muito corajosa da parte do chanceler, pois a Rússia era apenas o maior fornecedor de gás natural da Europa, compondo 30 a 40% do stock. Mas mais importante ainda, esta situação demonstra que a transição energética para as energias renováveis é mais urgente que nunca!
E agora, devemos fazê-lo não só pelo planeta, mas também pela liberdade! É claro, procuraram-se outras soluções mais imediatas para responder aos problemas da dependência do gás russo. Os Estados Unidos comprometeram-se a ajudar a Europa através da exportação de gás. A 1 de março, a Agência Internacional de Energia anunciou a libertação de 60 biliões de barris de petróleo, a fim de estabilizar os preços e o mercado global de energia em geral, e a 16 de março, Biden aprovou o aumento da exportação de gás natural liquefeito para a União Europeia. Mas estas soluções de pouco servirão, tanto no esforço de guerra, como no climático! Bruce Nilles, diretor executivo da Climate Imperative Foundation, já deixou claro que se opõe á exportação de Gás Natural Liquefeito, porque a infraestrutura precisa para extração e exportação demora a ser construída e iria apenas exacerbar os efeitos da crise climática. E as medidas da AIE não são suficientes para compensar o impacto da Rússia no mercado global de energia.
Tudo isto demonstra que não podemos recorrer aos combustíveis fósseis por muito mais tempo. E se queremos preservar o planeta e o nosso modo de vida, tem de ocorrer o que Joseph Schumpter designa de “destruição criativa”.  Ou seja, quando investidores e empreendedores procuram novas ideias em que investir, o dinheiro acaba por fluir inevitavelmente para esses novos mercados, o que leva ao desaparecimento gradual dos mercados anteriores. E é isto que tem de acontecer na nossa transição para as energias renováveis, sendo que estaríamos não só a preservar o planeta, mas também iríamos privar a Rússia de uma ferramenta de chantagem, com a qual a Federação Russa tem procurado demover-nos do apoio á Ucrânia. E já vimos isso quando a Gazprom, a empresa russa que também esteve envolvida na construção do Nord Stream 2, passou a entregar o mínimo das quotas de gás, mesmo quando os preços e a procura estavam a aumentar. Um comportamento estranho para uma empresa, não é?
Felizmente, os nossos líderes compreenderam o que é preciso fazer. A nova estratégia energética europeia procura reduzir o consumo de gás em 40% até 2030. É uma mudança radical que espero que continue a ser seguida mesmo após o fim da guerra. Mas já antes os esforços eram consideráveis. Os consumidores italianos já estavam a ser aconselhados a mudar para aquecedores de água elétricos; A França tem ainda grandes ambições sobretudo no campo da energia nuclear e eólica; e a Alemanha aprovou 68 biliões de euros para acelerar o desenvolvimento da sua infraestrutura verde.
No entanto, podíamos estar a fazer muito mais para contribuir para a transição. Neste campo os Açores pretendem fazer a sua parte, através de iniciativas como o projeto Solenerge, que vai agora conceder incentivos financeiros para a aquisição de sistemas de painéis solares por empresas e cidadãos individuais. Algo que se pretende que venha a transformar os hábitos de consumo de energia dos Açores e a sua sustentabilidade, tal como a autonomia energética.

A 22 de fevereiro, o chanceler alemão Olaf Scholz tomou a decisão de suspender a certificação do gasoduto Nord Stream 2, e um dia depois, o Presidente Americano Joe Biden impôs sanções ao projeto, pelo que poderá nunca ser concretizado. Há quem diga que foi uma decisão muito corajosa da parte do chanceler, pois a Rússia…





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