19 de Maio de 2025
Mala de cartão é o símbolo mais presente nos monumentos ao emigrante em Portugal
Lusa

Autor do Artigo
317

O historiador Daniel Bastos identificou monumentos ao emigrante em todo o território português, sendo a “mala de cartão” o objeto mais presente e icónico, embora reconheça que a atual e mais diferenciada emigração seria hoje representada com outros símbolos.

Investigador da diáspora portuguesa, Daniel Bastos há muito que queria escrever uma “história concisa e ilustrada da emigração portuguesa” e recorreu, para isso, aos monumentos presentes em Portugal continental e nas regiões autónomas, contando com imagens recolhidas pelo fotógrafo Luís Carvalhido.

A recolha resultou no livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”, que será apresentado em 20 de maio na Sociedade de Geografia de Lisboa.

Em entrevista à agência Lusa, disse que “existem monumentos ao emigrante em todo o território nacional, quer no continente, quer nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, o que por si é revelador de como, de facto, a emigração é uma constante estrutural da história portuguesa”.

Estas estátuas, bustos, memoriais existem “desde as pequenas aldeias do interior até às mais grandiosas aglomerações urbanas e foram sobretudo construídas no último meio século”, afirmou.

Para Daniel Bastos, estes monumentos “evidenciam as motivações subjacentes à partida e aos destinos da emigração portuguesa, celebram figuras gradas das comunidades, de partida e destino da emigração, invocam continuamente uma espécie de sinónimo de Portugal, que é a saudade, contêm objetos simbólicos e aspetos inerentes à memória coletiva da imigração, como o salto para a França”.

Presente está “um dos objetos mais icónicos”, que é a “mala de cartão”, um símbolo incontornável da emigração nos anos 60 do século XX, mas muitos outros inerentes à emigração para o Brasil, para os Estados Unidos da América, para o Canadá, para a Venezuela, para a Austrália, para a África do Sul, para a Alemanha, para a Suíça, para a Bélgica, para o Luxemburgo e para outros países do mundo, onde a diáspora portuguesa se encontra disseminada.

Daniel Bastos considera que não faz sentido representar a atual emigração portuguesa com uma “mala de cartão”. “Estamos a falar de uma emigração diferente, de um contexto diferente, em que a emigração portuguesa, por via do incremento das qualificações no último meio século, que é uma das conquistas do 25 de Abril, da revolução democrática, leva a que nós tenhamos hoje uma emigração cada vez mais qualificada”, disse.

Portugueses que partem devido à dificuldade de acesso à habitação, mas também à procura de melhores salários, oportunidades, progressão de carreira, aproveitando a cidadania e mobilidade europeias, que levam assim artistas, arquitetos, engenheiros, cientistas, médicos, dentistas ou enfermeiros a optar por outros destinos, nomeadamente do norte da Europa.

Os novos símbolos da nova emigração seriam, pois, ligados "a estas áreas e a estes jovens cada vez mais qualificados”, disse Daniel Bastos, ressalvando que “ainda hoje emigram portugueses que, não tendo estas qualificações, também emigram para a restauração, para a hotelaria, para a construção civil”.

Daniel Bastos encontrou estátuas construídas pelo poder local, como “reconhecimento do papel importante que os emigrantes desempenham no desenvolvimento das suas terras de origem”, ou por associações de emigrantes portugueses no estrangeiro, como as estátuas dedicadas a Simón Bolívar na Madeira, que são o reconhecimento de um herói da independência da Venezuela, mas também “a consagração da comunidade portuguesa, neste caso a madeirense, na Venezuela".

E dá outros exemplos: As estátuas do comendador Manuel Eduardo Vieira na Ilha do Pico, ou o busto em São Jorge do comendador Batista Vieira, dois empresários e figuras proeminentes da comunidade portuguesa na Califórnia, cujas terras de origem procuram, através destes monumentos, destacar e enaltecer a sua dimensão empreendedora e benemérita.

O historiador Daniel Bastos identificou monumentos ao emigrante em todo o território português, sendo a “mala de cartão” o objeto mais presente e icónico, embora reconheça que a atual e mais diferenciada emigração seria hoje representada com outros símbolos.

Investigador da d…





Para continuar a ler o artigo torne-se assinante ou inicie sessão.
Pode tornar-se assinante por apenas 7€ por mês.

Contacte-nos através: 292 292 815 ou jornalincentivo@gmail.com.




Outras Notícias
Organizações de pesca dos Açores apelam a cumprimento da lei na apanha de lapas
.
Sindicatos e administração da Eletricidade dos Açores chegam a acordo
.
Estudo revela que mais de um milhão de votos foram "desperdiçados"
.
Djalmo Couto é Campeão dos Açores 2025 de Fosso Universal de Tiro
.