O vice-presidente da Câmara decidiu tornar-se o protagonista da reunião da Câmara de ontem, quinta-feira.
Durante uma discussão sobre o investimento externo que esta Câmara não foi capaz de captar para o Faial, Carlos Morais, que presidia, na ausência do presidente, resolveu fazer uma acusação direta ao presidente anterior.
Disse que José Leonardo deixou de fora um projeto seu que visava a construção de um hotel no antigo Quartel do Carmo. Estava em causa o prazo de 24 meses que Carlos Morais considerou excessivamente curto para o desenvolvimento do projeto.
Leonardo reagiu, visivelmente incomodado, afirmando que não queria transformar uma reunião pública da Câmara numa discussão daquela natureza.
Todavia afirmou que, no seu tempo, as decisões dos concursos sempre foram tomadas por cada júri, sem interferência do presidente da Câmara. E acrescentou, também em tom acusatório, que não sabia se agora é da mesma maneira.
Da reunião da Câmara de ontem não constava nenhum assunto importante ou com interesse da ordem de trabalhos. Mas isso não impediu que o clima fosse de momento eleitoral.
Tudo começou com José Leonardo a manifestar-se contra o facto da Câmara ter anunciado a apresentação pública do projeto para a Vista Alegre sem antes o ter dado a conhecer aos vereadores da oposição. Para ele, isto é falta de transparência e de respeito
Eduardo Pereira entrou na discussão tentando explicar, primeiro que não era ainda o projeto que iria ser apresentado na segunda-feira. Depois falou em anteprojeto e também em projeto preliminar, porque ainda havia alterações a fazer. Afinal não se sabe o que vai ser efetivamente apresentado.
Perante a questão que estava realmente em causa, que era o aproveitamento eleitoral da situação, o executivo ainda tentou explicar que a apresentação foi marcada para segunda-feira, por ser já depois das eleições.
O que teve como resposta da oposição que o anúncio, nestes casos, é um objetivo mais importante e mais eficaz do que a própria apresentação.
A discussão continuou no mesmo tom, ou seja, o Partido Socialista não fez, nós é que estamos a fazer. Ao que a oposição contrapõe que é que fez, agora é que não se faz.
Aqui entrou o vereador Lúcio Rodrigues, também presente na reunião.
Resolveu então desfiar, num discurso de caráter puramente político, aquilo que o PS considera um fracasso da gestão da Câmara que não conseguiu segurar, através da sua influência, o que o Faial já teve e foi sucessivamente perdendo.
Situando a sua intervenção na importância e na afirmação que, segundo ele, a ilha do Faial vem perdendo desde que há uma coligação (PSD-CDS-PPM) a governar os Açores e a Câmara, deu exemplos.
Quanto às obras do Plano de Recuperação de Resiliência (PRR), disse que as que estão em execução no Faial foram introduzidas no Plano pelos socialistas, quando ainda governavam a região e que o presidente da Câmara se esquece sistematicamente de fazer esta referência quando fala em público, falha para a qual o próprio Lúcio Rodrigues já o advertira várias vezes.
Os exemplos da lista, que Lúcio Rodrigues apresentou como motivos de crítica quando o PSD estava na oposição, constavam, à cabeça, as ligações aérea entre o Faial e Lisboa, que estão na mesma; a secretaria regional da Cultura que desapareceu; o esvaziamento quase completo da secretaria da Agricultura; a ausência da direção regional das comunidades; a presidência da Portos dos Açores que passou a ser de São Miguel; a ERSARA; a perda da presidência do Geoparque Açores, que era do Faial; a Feira Açores que já não se realiza nesta ilha desde 2019.
Perante o embaraço que se traduzia na expressão dos vereadores, o vice-presidente, estando ausente Carlos Ferreira a quem competiria dar a resposta política ao ataque do PS, ainda esboçou uma tentativa de salvar a honra do convento.
Exibiu então o trabalho da Câmara que exemplificou nos projetos de habitações a construir e, como grande obra deste executivo, uma série de regulamentos aprovados para disciplinar os apoios que a Câmara concede.