A gestão da Cooperativa Agrícola de Laticínios do Faial (CALF) tem sido posta em causa por alguns associados, nos últimos tempos.
Para tentar dar solução ao problema está convocada uma Assembleia Geral, a ter lugar no próximo sábado, pelas 20h00.
Além da apresentação das contas, a reunião tem como ponto importante da ordem de trabalhos a ”deliberação e votação, de forma anónima, sobre a cessação de funções da atual Direção”.
Os problemas da fábrica vêm-se agravando, cujas dificuldades mais visíveis são a falta de artigos para venda aos produtores, entre os quais rações e consumíveis para máquinas de ordenha e outros instrumentos de trabalho.
Outros erros são apontados à atual gestão.
Terá sido adquirido fora da ilha um lote de vacas, de qualidade superior, com o objetivo de melhorar a produção das explorações, operação que não deu o resultado pretendido.
A aposta no queijo prato, por ser mais rentável, em detrimento do queijo barra, é mais um falhanço apontado por alguns associados. O aumento de oferta do produto, o queijo prato, gerou dificuldades na sua colocação, tendo originado a perda de grandes quantidades de queijo.
Segundo algumas vozes conhecedoras da situação, o crédito descontrolado concedido a alguns associados na compra de produtos foi mais um motivo para desequilibrar as contas, traduzindo-se em contas de cobrança difícil.
Os problemas da CALF não surgiram agora.
No início do ano o presidente da Direção foi ouvido pelos deputados na Assembleia Regional no âmbito de uma comissão que tratava do setor cooperativo, e já nessa altura Hélder Costa admitia a possibilidade de pôr o negócio à venda, porque a fábrica não é financeiramente sustentável.
Na altura o presidente anunciava que a CALF estaria a trabalhar num plano de reestruturação, a longo prazo (cinco anos), para salvar a produção de queijo e de manteiga na ilha.
Contudo, acrescentava, será necessário, durante esse período, um reforço de apoios públicos, para tentar inverter a tendência de resultados negativos.
“A partir dos cinco anos, entramos em velocidade de cruzeiro, de retorno do investimento. Até lá, se calhar, precisamos do Governo, até mais do que precisámos até agora”, salientou o empresário perante os deputados.
Pelo que se sabe a evolução deste processo foi negativa.
Para além dos problemas já citados, outros se foram avolumando, nomeadamente no âmbito laboral.
Surge agora, de acordo com a ordem de trabalhos da Assembleia Geral, a proposta de constituição de uma Comissão Especial de Gestão, na sequência da eventual destituição da Direção.
Merece também particular atenção a presença anunciada na Assembleia Geral de membros da Lactaçores.
Esta presença é justificada pela necessidade de prestação de esclarecimentos, uma vez que a CALF é associada da Lactaçores.
A união de cooperativas, que integra também a Unileite e a Uniqueijo, é há muitos anos responsável pela comercialização do queijo produzido no Faial.
Eventuais dívidas da CALF à Lactaçores poderão estar na base da respetiva presença na reunião magna de sábado e há quem admita que a gestão da fábrica possa passar para a alçada da mesma Lactaçores.
Os associados da cooperativa faialense vão ainda debruçar-se sobre o apuramento de responsabilidades e a possibilidade de “comunicação de factos às entidades competentes”.