A UGT/Açores disse este fim-de-semana esperar que das eleições legislativas resulte um Governo da República “ancorado numa solução parlamentar estável”, tendo em conta as medidas económicas anunciadas pelos Estados Unidos da América (EUA).
A União Geral de Trabalhadores (UGT) nos Açores, presidida por Manuel Pavão, refere na resolução aprovada em Conselho Geral, que o atual “contexto de incerteza provocado pela guerra das tarifas dos EUA”, será mais facilmente ultrapassável “se existir um ambiente político e um clima económico que gere confiança nos agentes económicos e sociais, e nos portugueses em geral, se das próximas eleições sair um governo ancorado numa solução parlamentar estável”.
Para esta plataforma sindical, a queda do governo e a realização de eleições legislativas antecipadas podem “afetar a trajetória consistente de crescimento económico, acima da média da União Europeia que se regista há alguns anos a esta parte, e influenciar a estabilidade e a tranquilidade dos trabalhadores e cidadãos em geral”.
Considera também necessário que se mantenham os compromissos estabelecidos nos acordos de médio prazo 2025-2028 celebrados, quer de âmbito privado quer no setor público, incluindo também os Acordos de Parceria celebrados nos Açores.
A UGT/Açores, que promoveu, em Angra do Heroísmo, uma conferência de imprensa, no final de uma reunião do Conselho Geral, onde foi feita a análise da atual situação político sindical na região, considera também que a desinformação e o descrédito lançado sobre as organizações defensoras dos direitos dos trabalhadores, incluindo os sindicatos, estão a “comprometer cada vez mais a segurança e dignidade da vida dos trabalhadores”.
Assim, a plataforma sindical apela à sindicalização dos trabalhadores, alegando que as entidades que os representam têm “pergaminhos e experiência” para defender os seus direitos e interesses.
Na nota, também é feita a análise da situação económica atual na Região Autónoma dos Açores, considerando que o arquipélago vive “um bom momento do seu regime autonómico, registando uma trajetória consistente de crescimento económico desde há alguns anos, graças, também, à estabilidade e previsibilidade que a atual solução governativa proporcionou”.
Como aspetos sociais negativos, os sindicalistas apontam a elevada taxa do risco de pobreza, que “continua a ser motivo de preocupação”, e a taxa de abandono precoce da educação e formação, embora apontem que registou “uma descida histórica”, passando de 22,9% em 2020 para 19,8% em 2024.
“Esperamos que a meta estabelecida pelo Governo Regional de reduzir a taxa de abandono precoce para 15% até 2030, conforme previsto no Acordo de Parceria Estratégica 2023-2028 Rendimento Sustentabilidade e Crescimento, se concretize efetivamente", apontam.
No documento, a UGT/Açores defende ainda um debate “sério e consequente sobre o aumento dos salários médios” e a adoção de medidas que promovam a conciliação da vida profissional e pessoal, nomeadamente a viabilidade da redução das 40 horas de trabalho semanais e a flexibilização de horários de trabalho, entre outras medidas.
Também aposta na manutenção das negociações “tendo em vista aumentos salariais entre os 4,7% e 7%, com um impulso mínimo de 52,50€ euros”, como reclamado no caderno reivindicativo para 2025.