O Presidente do Governo açoriano defendeu hoje a instalação na região do Observatório Europeu do Mar Profundo, afirmando que o arquipélago quer assumir-se como uma “região de oportunidades” na área da ciência e da investigação.
“Quero dizer-vos do meu empenho, do empenho do meu Governo, e do compromisso da Comissão Europeia, de podermos sediar na Horta, o Observatório Europeu do Mar Profundo”, afirmou José Manuel Bolieiro, no início do programa de iniciativas da inauguração da sede da Agência Espacial Portuguesa na ilha de Santa Maria.
José Manuel Bolieiro salientou que no Grupo Oriental, as capacidades instaladas e a instalar ainda em Santa Maria permitem “observar o espaço a partir da terra”, enquanto no Grupo Central, através do Air Centre localizado na ilha Terceira, é possível “conhecer melhor a terra a partir dos dados do espaço”.
“Hoje, mais do que uma necessidade e uma mão estendida de pedidos de apoios que os Açores vão precisar sempre para ajuda ao seu desenvolvimento, estaremos também a dar, com a outra mão, oportunidade de dimensão estratégica ao país e à União Europeia”, defendeu o chefe do executivo açoriano.
Este papel de “região de oportunidades” que os Açores querem assumir passa não apenas pelo seu "posicionamento geoestratégico bélico”, mas também ao nível da ciência e do conhecimento, preconizou José Manuel Bolieiro.
Dirigindo-se à secretária de Estado da Ciência, o presidente do Governo Regional pediu que Ana Paiva transmita ao primeiro-ministro a “importância da compreensão nacional do território integral do país e do território atlântico que os Açores representam”, apesar de salientar que ele próprio o faz “constantemente”.
Ana Paiva considerou que a inauguração da sede da Agência Espacial Portuguesa é a “construção de um sonho” e que demonstra o “poder inspirador do setor espacial”.
“Esta inauguração é realmente um marco no desenvolvimento do setor espacial, tanto a nível regional, mas especialmente nacional”, referiu a secretária de Estado, ao realçar que a posição geográfica de Santa Maria permitiu reunir infraestruturas, como é o caso do teleporto, para posicionar o país como um polo espacial no mundo.
Segundo a secretária de Estado, este polo espacial vai permitir fazer o seguimento e o rastreio dos lançadores europeus e ser um nó do segmento terrestre do Galileo, o sistema global de navegação por satélite da Europa, além de outras capacidades.
A presidente da Câmara Municipal de Vila do Porto, Bárbara Chaves, realçou que a ilha de Santa Maria tem uma posição estratégica que a coloca “na vanguarda do setor espacial à escala global”, com potencialidades de ser um polo de investigação e monitorização que contribui para a notoriedade do país.
A nova sede da Agência Espacial Portuguesa representou um investimento de cerca de 1,3 milhões de euros suportado pelo Governo Regional dos Açores e será oficialmente inaugurada hoje à tarde pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Construído na década de 1950, o edifício foi projetado por Francisco Keil do Amaral e alojou a família do diretor do aeroporto durante a gestão da Direção Geral de Aeronáutica Civil. Em 2019, o edifício foi cedido pelo Governo Regional dos Açores à Agência Espacial Portuguesa para aí ser instalada a sua sede.
A Agência Espacial Portuguesa foi criada para concretizar a estratégia nacional Portugal Espaço 2030 com o objetivo de que o país seja reconhecido como uma autoridade mundial nas interações Espaço-Terra-Clima-Oceano, com benefícios para a sociedade e para a economia.