O OKEANOS - Instituto de Investigação em Ciências do Mar - vai promover, no dia 4 de setembro, um seminário, aberto a toda a população, intitulado “Projecto UPFLOW: viagem ao centro da terra através de uma antena com 1,500 km de abertura e 55 sismómetros de fundo do mar no Atlântico”, O evento vai decorrer no auditório do Departamento de Oceanografia e Pescas.
A investigadora e professora Ana Ferreira da University College London, referência na área da sismologia global, e investigadora principal no projeto UPFLOW, estará no Faial para nos falar deste evento.
Este projeto quis visualizar e compreender os movimentos ascendentes desde o manto profundo da terra para compreender o seu fluxo a nível mundial e conseguir interligar a atividade no interior da terra com o que se passa à superfície.
Tal é relevante dado que estes movimentos impactam a vida humana e biológica, explicando questões como algumas das crises sísmicas nos Açores, mas continuam mal compreendidos.
Para dar resposta a esta necessidade, este projeto fez a mais longa e duradoura experiência sísmica passiva alguma vez testada no fundo do Oceano Atlântico.
Com 50 sismómetros de fundo do mar colocados na região dos Açores, Madeira e Canárias numa área de aproximadamente 1,000×2,000 km2, estudou-se um local único do mundo com múltiplos afloramentos do manto que continuam mal compreendidos.
Estes dados foram ainda complementados com seis sismómetros de fundo do mar, colocados no contexto dos sismos de 2022 em S. Jorge, com apoio logístico do OKEANOS. Estes instrumentos permitiram complementar com mais de 100 000 registos as bases de dados globais e melhorar a cobertura e resolução dos dados na região, permitindo discutir as implicações geodinâmicas para os Açores e as restantes regiões estudadas.
Como resultados deste estudo obtiveram-se gravações ilustrativas de alta qualidade e espectrogramas de eventos telessísmicos, que recolheram não só sinais sísmicos mas também outros como vocalizações de baleias. Estes trabalhos demonstram a importância da colaboração entre diferentes áreas do saber científico que se podem ajudar mutuamente.
Numa realidade em que é difícil seguir a atividade de animais que atingem elevadas profundidades, este projeto permitiu também colaborar para estudar grandes cetáceos como a Baleia azul, Baleia Comum e a Baleia Sardinheira, através de registos de baixa frequência dos sismógrafos, ajudando na investigação do grupo dos cetáceos do OKEANOS.