A desigualdade na distribuição de rendimentos a nível nacional voltou a reduzir em 2022, face ao ano anterior, tendo 239 municípios apresentado uma redução da assimetria do rendimento líquido por pessoa, revelou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Para efeitos estatísticos, a desigualdade na distribuição de rendimentos é dada pelo chamado coeficiente de Gini, indicador “que visa sintetizar num único valor a assimetria dessa distribuição”, explicou o INE, na informação consultada pela agência Lusa.
Assim, em 2022, o coeficiente de Gini do rendimento líquido por pessoa era de 35,7% em Portugal, “evidenciando uma redução na desigualdade da distribuição do rendimento em relação a 2021 (36,1%)”, adiantou.
Os dados constantes das Estatísticas do Rendimento ao Nível Local referentes a 2022, uma demonstração sobre a forma como os rendimentos declarados ao fisco estão distribuídos a nível nacional, revelam, no entanto, que 32 municípios, quase 10% do todo nacional, “apresentaram coeficientes de Gini iguais ou superiores ao valor nacional, sugerindo uma maior desigualdade na distribuição do rendimento”.
O destaque vai para Lisboa (42,5%), Vila do Porto (na ilha de Santa Maria, Açores, com 42%), Porto (41,8%), Lagoa (40,8%) e Cascais (40,3%).
Ao nível regional, a Grande Lisboa (38,5%), as regiões autónomas dos Açores (37,2%) e da Madeira (36,2%), o Alto Tâmega e Barroso (36,2%) e a Área Metropolitana do Porto (35,7%) “apresentaram coeficientes de Gini iguais ou superiores ao valor nacional, sugerindo uma maior desigualdade na distribuição do rendimento”, assinalou o INE.
Ainda segundo o INE, os municípios com os menores níveis de desigualdade de rendimento situavam-se sobretudo no interior das regiões Centro, Oeste, Vale do Tejo e Alentejo, tendo o município do Pampilhosa da Serra, (26,9%), localizado no interior do distrito de Coimbra, registado o menor coeficiente de Gini do país.
“O Alto Tâmega e Barroso foi a sub-região com menor amplitude do coeficiente de Gini entre municípios: o menor valor foi registado nos municípios de Boticas e de Ribeira de Pena (34,4% em ambos) e o maior em Chaves (36,6%). Por outro lado, os maiores diferenciais entre os municípios observaram-se na Grande Lisboa, entre os municípios de Lisboa (42,5%) e de Vila Franca de Xira (30,9%) e na Área Metropolitana do Porto, entre os municípios do Porto (41,8%) e de Oliveira de Azeméis (30,6%)”, resumiu o INE.
Por outro lado, o resumo das Estatísticas do Rendimento ao Nível Local demonstra que, em 2022, dos 32 municípios com coeficientes de Gini superiores ao valor nacional (onde a desigualdade na distribuição de rendimento é maior), 14 “registaram também valores medianos de rendimento líquido por pessoa superiores à referência nacional” de 10.679 euros.
Ou seja, onde o rendimento é maior, as desigualdades na distribuição também o são, e a lista de 14 autarquias inclui Lisboa, Cascais, Oeiras e Mafra, Alcochete, Almada, Porto, Matosinhos, Vila do Porto, Ponta Delgada, Funchal, Faro, Coimbra e Vila Real.
Ainda de acordo com o INE, o “padrão mais comum na leitura conjunta destes dois indicadores” evidencia 209 municípios (sensivelmente dois em cada três) “com coeficientes de Gini e valores medianos do rendimento simultaneamente abaixo do valor do país”, ou seja, onde as desigualdades de distribuição de rendimentos são menores do que o todo nacional e o valor do rendimento também está abaixo do valor referência do país.
O documento assinala ainda que é na Grande Lisboa que se registou “a maior disparidade de rendimento entre municípios”, um valor de 3.990 euros, entre Oeiras (15.190 euros) e Amadora (11.200 euros).
Já a Lezíria do Tejo foi a sub-região onde se verificou a menor diferença do valor mediano do rendimento líquido por pessoa entre municípios (1.197 euros), entre Benavente (11.067 euros) e Chamusca e Coruche (9.780 euros em ambos).