O coordenador do Bloco de Esquerda/Açores, António Lima, anunciou hoje que votará contra o Programa do Governo, mas rejeitou responsabilidades na garantia de estabilidade, alegando que foram outros partidos a prometer diálogo após as eleições.
“Conhecemos o programa eleitoral da coligação, que será o seu Programa do Governo e esse Programa do Governo terá a nossa oposição e votaremos contra esse Programa do Governo”, afirmou, em declarações aos jornalistas.
António Lima, que também é deputado único do BE nos Açores, falava, em Angra do Heroísmo, à saída de uma audição com o representante da República para a Região Autónoma dos Açores, Pedro Catarino.
O coordenador do BE/Açores alegou que sempre disse que não viabilizaria um governo da coligação de direita “com o Chega ou sem o Chega”.
“Sabemos que o mais provável é que seja indigitado José Manuel Bolieiro, mas nós temos essa transparência e o compromisso que fizemos com os eleitores, durante a campanha, de não viabilizar essa solução de governo”, justificou.
“A oposição é fundamental em democracia. Este Programa do Governo não serve os Açores, não tem um caminho de desenvolvimento e de progresso para os Açores e, por isso, nós queremos apresentar uma alternativa e estaremos na oposição enquanto a legislatura durar”, acrescentou.
Questionado sobre a possibilidade de o documento vir a ser chumbado, dando origem a uma nova crise política nos Açores, António Lima remeteu responsabilidades para a coligação e para os partidos que “estiveram disponíveis para falar com a coligação”.
“A crise política não é responsabilidade de quem sempre se apresentou como alternativa. A coligação, o Chega, a Iniciativa Liberal, todos eles partiram de um pressuposto de que estavam disponíveis a entender-se no pós-eleições. Então a responsabilidade sobre o que acontece no dia seguinte à votação do Programa do Governo está na coligação e nos partidos que sempre disseram que estavam disponíveis para falar”, vincou.
O dirigente do BE alegou que a mudança de posição da campanha para o pós-eleições “descredibiliza a democracia”.
“A coligação dizia, durante a campanha, que falaria com todos, afinal já não fala com ninguém, diz que apresenta o seu programa de governo e vota quem quer. O Partido Socialista dizia que falava com todos, menos com o Chega, mas afinal já não fala com a coligação e diz que vota contra. Cada um disse uma coisa durante a campanha e agora diz outra”, salientou.
António Lima acusou ainda o Chega de não ter “uma medida que diga que quer incluir no Programa do Governo”, querendo apenas lugares no executivo.
“Quem dizia que queria limpar os Açores dos tachos, afinal o problema com os tachos era não serem seus”, criticou.