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O Papa Francisco, que tem multiplicado os seus alertas face ao aquecimento global, anunciou esta semana, numa entrevista, que vai à cimeira do clima, COP28, que decorrerá no Dubai, Emirados Árabes Unidos, no início de dezembro.
“Vou para o Dubai. Acho que vou sair em 1 de dezembro até 3 de dezembro. Estarei lá três dias”, afirmou o líder da igreja católica à emissora pública italiana Rai1.
A COP28 decorre entre 30 de novembro e 12 de dezembro nos Emirados Árabes Unidos, reunindo perto de 200 países para debater medidas e objetivos no contexto das alterações climáticas.
“É muito importante ir à COP28 e obter resultados poderosos”, disse o diretor-geral Al Suwaidi, numa entrevista à Europa Press em outubro, para quem o processo climático precisa de pessoas com capacidades técnicas para avançar.
O representante da cimeira mundial, natural dos Emirados Árabes, participou como negociador do seu país na COP21 de Paris, em 2015, na qual se alcançou o Acordo Climático, atual base da ação contra a emergência climática.
“De certa forma, estamos a ter as mesmas conversações que tínhamos na altura. Estou surpreendido porque quando saí de Paris pensei que já tínhamos alcançado o resultado político. Agora, para avançar, as cimeiras sobre o clima não precisam de pessoas como eu. O processo não precisa de negociadores, mas sim de técnicos que se encarreguem da implementação, e hoje não temos isso”, alertou na mesma altura, insistindo na importância de a próxima reunião internacional “produzir resultados”.
Majid Al Suwaidi criticou o facto de haver uma comunidade de pessoas, especialmente jovens, realmente interessadas em encontrar soluções para o problema climático, enquanto os países estão “presos” no ciclo político, apesar de já se saber que o planeta “não está no caminho para atingir os objetivos de Paris”.
Limitar o aumento do aquecimento global a 1,5 graus centígrados, reiterou, é “possível”, porque a receita é conhecida e inclui, por exemplo, a proposta defendida esta semana pela Agência Internacional de Energia, em Madrid.
“Sabemos o que temos de fazer para atingir o objetivo de Paris, temos a tecnologia. É por isso que é muito importante que as partes na COP28 tenham conversas honestas”, argumentou.
Quanto à transição energética, salientou que é necessário reduzir 22 gigatoneladas de emissões de gases com efeito de estufa, razão pela qual alertou para a importância de se construir hoje o sistema energético do futuro.
“A descarbonização da energia não pode ser feita de um dia para o outro. O caminho traçado em Paris passa pela melhoria da eficiência energética através de diferentes fórmulas, como a captura e armazenamento de dióxido de carbono”, sublinhou.
Majid Al Suwaidi considerou que os países desenvolvidos não estão a cumprir os investimentos prometidos no domínio climático e que o mundo está “no mesmo ponto em que estava em 2015”, apelando também a uma transformação do sistema financeiro internacional e das instituições.
“Precisamos de nos concentrar nos problemas das pessoas, pensar em como nos podemos adaptar de uma forma que seja justa para todos”, observou o diplomata dos Emirados, dizendo ser crucial conseguir um melhor sistema alimentar, melhor saúde, culturas mais resilientes e uma redução da vulnerabilidade das populações às alterações climáticas.