A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD) defende um reforço da promoção turística no Plano e Orçamento dos Açores para 2024 e alertou que o endividamento zero “nunca foi sensato”.
“Relativamente ao Plano, uma rubrica onde achamos que deve haver algum reforço é no turismo, na parte da promoção”, declarou o presidente da CCIPD Mário Fortuna.
O líder da associação empresarial das ilhas de São Miguel e de Santa Maria falava aos jornalistas na sede da Presidência, em Ponta Delgada, após uma reunião com o líder do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, no âmbito do processo de auscultação sobre as antepropostas de Plano e Orçamento para 2024.
Mário Fortuna alertou para os impactos na economia provenientes da redução de voos da Ryanair para as ilhas de São Miguel e Terceira.
“[No turismo] vamos bater recordes até ao fim do ano. Vamos ter, infelizmente, uma perspetiva de inflexão no sentido negativo a partir de novembro com a redução da operação de uma das companhias aéreas”, lamentou.
E acrescentou: “Vamos entrar num período mais conturbado deste setor, quer por via da redução do poder de compra de todos os mercados emissores, (…) quer pela contingência que nos é criada com a redução da operação da Ryanair para os Açores”.
Quando questionado, o economista e professor universitário rejeitou “taxativamente” a criação de um Orçamento com endividamento zero para 2024, tal como aconteceu este ano.
“O endividamento zero não é muito sensato. Nunca foi. Não é hoje que vai ser. O endividamento a variar menos do que o crescimento da economia faz todo o sentido”, vincou.
Mário Fortuna defendeu que os níveis de endividamento não devem ser mais acentuados do que o crescimento económico.
“Se o endividamento zero quer dizer que vamos deixar pagamentos em atraso às empresas, somos contra. Se quer dizer que vamos deixar investimentos por fazer, somos contra. É preciso salvaguardar de forma inteligente essas variáveis”, defendeu.
O economista avisou que é “muito diferente” defender o endividamento zero ou a redução do rácio de endividamento sobre o Produto Interno Bruto.
“O endividamento zero pode potencialmente criar outros problemas. O acréscimo do endividamento às empresas nas dívidas em atraso advém daí.