O Ecomuseu do Corvo tem mantido contatos com a Biblioteca Nacional do Chile no âmbito de um projeto de investigação sobre Carlos Nascimento, natural da ilha e editor do poeta Pablo Neruda, disse ontem a diretora da instituição.
Em declarações à Lusa, Deolinda Estêvão referiu que os técnicos do Ecomuseu do Corvo e a própria estão a promover esta investigação: “Temos estabelecido contactos com a Biblioteca Nacional do Chile e o que pretendemos, com base no trabalho que desenvolvemos ao nível da investigação, é aprofundar o conhecimento de Carlos Nascimento”.
Carlos George do Nascimento, que nasceu em 1885, abandonou a ilha do Corvo ainda jovem, acabando por se transformar numa referência das letras chilenas do século XX.
Chegou ao Chile em busca de um tio, João Nascimento, dono da Livraria Nascimento, espaço que mais tarde herdou e usou como rampa de lançamento da sua editora, que viria a publicar as primeiras obras do Nobel da Literatura de 1971, Pablo Neruda, nomeadamente a edição original de “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”, publicada em 1924.
A diretora do Ecomuseu confessa a ambição de adquirir, se possível em 2024, obras que foram editadas pela Editora Nascimento, de Pablo Neruda, para enriquecer o património disponível naquela instituição sobre o livreiro.
De acordo com uma consulta a ‘sites’ de antiquários alemães, a primeira edição da obra de estreia do poeta Nobel da Literatura, está estimada em cerca de 40 mil euros.
O Ecomuseu recebeu, entretanto, “há muito pouco tempo”, duas cartas que foram enviadas do Chile para um primo de Carlos do Nascimento, João de Freitas Nascimento, que vivia na Fajã Grande, da ilha das Flores, que foram disponibilizadas por familiares”, entretanto digitalizadas, indicou a responsável pelo Ecomuseu do Corvo.
“Aquilo que nós verificamos por parte de quem nos visita é que acham sempre curioso e ficam impressionados como é que do Corvo surge uma figura proeminente da literatura do Chile”, afirma Deolinda Estevão.