23 de Janeiro de 2023
“Desinformação climática” nos combustíveis fósseis
Lusa

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A indústria do petróleo e do gás gastou quase quatro milhões de dólares (cerca de 3,7 milhões de euros) na publicação de mensagens “enganosas” nas redes sociais sobre a crise climática por ocasião da última cimeira do clima.

A 27.ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27) realizou-se em novembro de 2022 em Sharm el-Sheikh, no Egito, e o valor consta de um relatório divulgado quinta-feira pela Rede de Ação Climática Contra a Desinformação (CAAD, na sigla em inglês), segundo a agência noticiosa espanhola EFE.

No estudo são analisadas campanhas no Facebook e no Instagram que incentivaram discursos “falsos ou tendenciosos” sobre a crise climática no contexto do encontro internacional.

Coordenado pelo britânico Institute for Strategic Dialogue, o trabalho foi elaborado por várias organizações e grupos como o ACT Climate Labs, Code for Africa, Climate Nexus, Greenpeace e Union of Concerned Scientists, entre outros.

O relatório considera “desinformação climática” a divulgação de conteúdos que minimizam a gravidade das alterações climáticas, que as neguem ou que apresentem como positivas para travar o aquecimento global medidas que contradizem o consenso científico sobre o assunto.

No estudo é identificada a indústria dos combustíveis fósseis, principais causadores do aquecimento global, entre os que mais gastaram com anúncios de “desinformação climática” a propósito da COP27.

Entre 1 de setembro e 23 de novembro de 2022 a investigação identificou 3.781 anúncios – a maioria promovidos pelo grupo Energy Citizens, ligado ao American Petroleum Institute – com mensagens que “retardam” a ação climática.

O “manual narrativo” da desinformação analisada consistiu em “explorar a crise do custo de vida e iludir as preocupações com os gases com efeito de estufa”, lançar dúvidas sobre a fiabilidade das tecnologias limpas e defender o uso de combustíveis fósseis como energias “necessárias e confiáveis”, entre outras técnicas.

“Esta investigação mostra que a desinformação climática não está a desaparecer e, ao contrário, está a piorar”, disse a porta-voz para o tema da organização Amigos da Terra norte-americana, Erika Seiber, num comunicado.

“Até que os governos responsabilizem as redes sociais e as empresas de publicidade e enquanto as empresas não responsabilizarem os desinformadores profissionais, as negociações cruciais sobre a crise climática estarão em risco”, adiantou.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, já se manifestou em várias ocasiões contra este fenómeno, voltando a fazê-lo na quarta-feira no Fórum Económico de Davos, quando recordou que os produtores de combustíveis fósseis - referindo-se à petrolífera ExxonMobil - “estavam totalmente cientes nos anos 70 de que o seu principal produto contribuía para tornar o planeta num forno”.

A indústria do petróleo e do gás gastou quase quatro milhões de dólares (cerca de 3,7 milhões de euros) na publicação de mensagens “enganosas” nas redes sociais sobre a crise climática por ocasião da última cimeira do clima.

A 27.ª Conferência das Partes da Convenção Quadro …





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