O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, criticou ontem o atraso na substituição dos cabos submarinos entre o continente e as ilhas, da responsabilidade da República, bem como a falta de coordenação no processo.
“O Estado negligenciou, em prazo, a substituição dos cabos submarinos de fibra ótica”, afirmou o chefe do executivo regional, numa intervenção no parlamento dos Açores, na cidade da Horta, adiantando que, “além do atraso”, houve também “esquecimento da coordenação com as regiões autónomas e com o Governo dos Açores” neste investimento.
José Manuel Bolieiro alertou também para a necessidade do executivo liderado pelo socialista António Costa assegurar que o cabo submarino de fibra ótica que será substituído tenha “mais qualidade” e que seja, simultaneamente, mais barato.
“Não se admite que, com tecnologia mais avançada, se torne mais difícil e mais cara a comunicação digital”, insistiu o presidente do governo açoriano, defendendo igualmente que o cabo submarino que irá atravessar a região seja acoplado com “sensores” que possam fornecer informação, por exemplo, sobre a atividade sísmica nas ilhas.
O tema surgiu na sequência de uma declaração política apresentada por Rui Martins, deputado do CDS-PP, que manifestou preocupação com a qualidade do sinal nas ligações digitais que estará disponível para os açorianos com o novo cabo submarino.
“É fundamental que haja redundância na ligação por fibra ótica do arquipélago ao continente português com, pelo menos, dois pontos de amarração nos Açores e dois pontos de amarração no território continental”, defendeu o parlamentar centrista, sublinhando que esta “configuração” evitará que a região fique “completamente isolada” em termos de comunicações caso ocorra algum problema.
Contudo, a polémica em torno da ilha à qual ficará ligado o cabo submarino vindo do continente acabou por marcar o debate parlamentar, com o deputado do Chega, José Pacheco, a dizer que não quer alimentar “bairrismos”.
“Eu quero que os técnicos digam o que é que é bom e o que é que não é bom. Os Açores se continuam mergulhados em bairrismos, de ilha contra ilha ou de zona contra zona, eu começo a defender o cabo submarino para a ilha do Corvo”, ironizou o parlamentar.
A alegada indefinição sobre se o cabo de fibra ótica que vem do continente deve ficar ligado à ilha de São Miguel ou à ilha da Terceira suscitou também preocupações de Carlos Furtado, deputado independente.
“Eu, como micaelense, gosto muito de defender a minha terra, e, sinceramente, ainda não percebi bem a história da redundância, que só é assegurada pela ilha Terceira. Podia ser assegurada por Santa Maria ou por outra ilha qualquer”, insistiu.