09 de Agosto de 2022
Quantidades significativas de caravelas nas costas da ilha
Jéssica Raposo

jessicamcraposo@gmail.com
1478
É preciso mais investimento da administração regional nesta área

Tem-se verificado, nos últimos dias, quantidades significativas de caravelas-portuguesas nas costas faialenses, sobretudo na costa sul da ilha. 

Em declarações ao INCENTIVO, o investigador do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores, Carlos Moura, refere que a presença de grandes aglomerações de caravelas-portuguesas é comum no mar dos Açores. 

No entanto diz que, apesar de existir a perceção geral de que a frequência de grandes aglomerações tem aumentado em anos recentes, há pouca investigação científica financiada e dedicada a perceber mais sobre estes organismos marinhos tão peculiares e perigosos. 

Quando questionado sobre esta ser ou não uma situação normal, Carlos Moura referiu que a elevada frequência de grandes aglomerações “blooms” de caravela-portuguesa nos Açores é realmente anormal relativamente a outras áreas do Atlântico Norte. 

«Parece que se conseguem reproduzir e estar presentes no arquipélago, durante todo o ano. A elevada coesão genética que verificamos nos Açores, e relativamente a populações do Atlântico Oeste, revela esse sucesso reprodutivo. Neste verão tem-se realmente verificado um grande número de caravelas-portuguesas, contrariamente a igual período de 2021, mas à semelhança dos verões de 2019 e 2020», destacou o investigador.

Segundo Carlos Moura, o DOP está a tentar perceber por que razão em alguns anos/verões existem grandes aglomerações de caravelas e/ou águas vivas, enquanto que noutros anos não. «Para a informação que dispomos nos últimos quatro verões, temos de considerar que as caravelas-portuguesas são comuns e “parecem gostar” das águas açorianas», disse. 

Apesar do trabalho desenvolvido no âmbito do projeto de investigação “Aguas-VivAz”, iniciado há cerca de três anos, no instituto OKEANOS da Universidade dos Açores, para compreender mais sobre a biologia, estrutura genética e dinâmicas temporais destes e outros organismos gelatinosos, com ocorrência nos Açores, «será necessário mais investimento, da administração regional, para se conseguir melhor compreender a sua presença durante uma maior escala temporal, através do cruzamento de dados oceanográficos, de reprodução e genéticos e até, eventualmente, prever as ocorrências das caravelas», disse o investigador.

O INCENTIVO questionou ainda o investigador Carlos Moura se a presença de quantidades significativas de caravelas pode estar relacionada com um possível esforço excessivo de pesca no mar açoriano.

«A caravela-portuguesa não parece ter assim tantos predadores naturais, sendo as tartarugas e o peixe-lua os mais conhecidos, e esses realmente estão em perigo de conservação. Apesar de (ainda) não existir evidência científica de que as frequentes aglomerações de caravelas nos Açores se relacionam com o excesso de pesca, não se descarta a hipótese de existir uma correlação. Mas, para agravar o problema da sobrepesca nos Açores e do desaparecimento de biodiversidade devido à introdução de algas invasoras, há que considerar que as caravelas são vorazes predadoras de peixes juvenis, muitos dos quais com interesse comercial, provocando assim impactos na pesca além de no turismo», destacou.         

Carlos Moura realçou ainda que, nas atuais circunstâncias, é necessária uma maior prudência ao nadar em mar aberto. Nas praias e piscinas deve-se prestar atenção de onde vem o vento. «Se o vento sopra do mar para terra existe uma maior probabilidade de haver caravelas próximo da costa, mas se o vento tem direção oposta as caravelas podem estar mais afastadas da costa. 

O investigador alertou também para que os banhistas, antes de entrar no mar, verifiquem se existem caravelas ao redor e que tenham preferência por zonas balneares com a assistência de nadadores salvadores. 

Tem-se verificado, nos últimos dias, quantidades significativas de caravelas-portuguesas nas costas faialenses, sobretudo na costa sul da ilha. 

Em declarações ao INCENTIVO, o investigador do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores, Carlos Moura, refere que a presença de grandes aglomerações de carav…





Para continuar a ler o artigo torne-se assinante ou inicie sessão.
Pode tornar-se assinante por apenas 7€ por mês.

Contacte-nos através: 292 292 815 ou jornalincentivo@gmail.com.




Outras Notícias
Falta de vontade do Governo para avançar com a segunda fase da EBI da Horta
.
Bebé nasce nos Açores a bordo de avião da Força Aérea
.
Império da Ponte dos Flamengos preserva património
.
Câmara quer construir 16 apartamentos e 35 lugares para estacionamento na Rua de São João
.