O Núcleo Regional dos Açores da IRIS- Associação Nacional do Ambiente desafiou o Governo Regional a divulgar os estudos exigidos para a realização do concerto ‘Atlantis Concert For Earth’, nas Sete Cidades.
Numa nota enviada à agência Lusa, o Núcleo Regional dos Açores da IRIS- Associação Nacional do Ambiente refere ter sido contactado por “inúmeras pessoas”, pedindo a sua opinião sobre a realização do concerto ‘Atlantis Concert For Earth’ na paisagem protegida das Sete Cidades, na ilha de São Miguel”.
A lagoa das Sete Cidades vai acolher o “Concert for Earth”, em 22 e 23 de julho, com The Black Eyed Peas, Stone Temple Pilots e Pitbull, entre outros, para “celebrar o planeta de forma positiva”, numa iniciativa da produtora Atlantis Entertainment, liderada pelo músico Nuno Bettencourt.
De acordo com Teófilo Braga, responsável pelo Núcleo Regional dos Açores, a IRIS “nada tem contra a realização de festivais de música ou outros”, mas “tal como muito bem escreveu o agrónomo e arquiteto paisagista Ilídio Araújo, não se confunde cultura com a capacidade de promover espetáculos”.
“Relativamente à localização do evento, não percebemos a escolha de uma área protegida, longe dos centros urbanos onde há espaços mais adequados e menos onerosos para a montagem das infraestruturas necessárias para o efeito. A título de exemplo, referimos o Parque Urbano ou o Pinhal da Paz”, afirma o ambientalista.
Teófilo Braga refere ainda que, “apesar da organização e do Governo Regional subvalorizarem os impactos ambientais”, a IRIS gostaria de saber “como serão mitigados aqueles impactos” e em que medida o dito festival irá contribuir para a melhoria da paisagem protegida das Sete Cidades.
“Haverá alguma campanha de recolha de resíduos sólidos? Haverá alguma iniciativa de combate às infestantes? Haverá alguma atividade de educação ambiental? Está prevista a plantação de plantas nativas e endémicas no próximo outono/inverno?”, questiona o responsável.
A IRIS desafia, assim, o Governo Regional dos Açores “a tornar públicos os estudos exigidos, nomeadamente o plano de prevenção e segurança, o estudo sobre a geologia e vulcanologia da zona e o estudo sobre a fauna e flora existentes no local”.
Outras associações ambientalistas dos Açores já criticam a localização do festival musical projetado para as Sete Cidades, tendo o ambientalista Filipe Tavares, da Associação Regional para a Promoção e Desenvolvimento do Turismo, Ambiente, Cultura e Saúde (ARTAC), considerado, em declarações anteriores à agência Lusa, que a “dimensão do evento em causa é bastante relevante naquele contexto e a localização, de facto, não é a mais adequada para o que se pretende fazer”.