O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, considerou ontem que não se deve “retirar”, da competência dos municípios, a possibilidade de criação de uma taxa turística, que no continente é exercida pelo poder local.
José Manuel Bolieiro, na sequência de uma audiência concedida ontem, no Palácio de Sant’Ana, em Ponta Delgada, ao reitor cessante da Universidade dos Açores, recordou que o executivo açoriano questionou, na Assembleia Legislativa Regional, o “sentido de oportunidade desfavorável no debate parlamentar” sobre o diploma que cria uma taxa turística de âmbito regional, e que acabou aprovado com os votos favoráveis do PS, BE, PAN e deputado independente.
“Pelo Governo, nunca tomaríamos uma iniciativa com essa característica. A minha sensibilidade jurídico-política, não pondo em causa a avaliação dos constitucionalistas, aponta que esta matéria tem sido realizada no continente por via do poder local e da competitividade territorial. Não deveríamos retirar do espaço da decisão municipal, mesmo que associada por via de vários municípios, esta competência”, defendeu o líder do executivo açoriano.
Os constitucionalistas Jorge Miranda e José Vieira de Andrade não encontram qualquer tipo de obstáculo à adoção, por parte do parlamento dos Açores, de uma taxa turística regional, contestada por associações representativas do setor e pelos municípios.
A criação de uma taxa turística nos Açores foi aprovada no parlamento regional em 21 de abril com 28 votos a favor, do deputado do PAN, autor da versão inicial do documento, do PS, BE e deputado independente.
Votaram contra a cobrança de um euro diário até ao máximo de quatro euros, a partir de 2023, o deputado da Iniciativa Liberal (IL), o deputado do Chega e as bancadas dos partidos do Governo (PSD/CDS-PP/PPM), que somam 27 parlamentares.
A proposta foi aprovada com alterações apresentadas por outras bancadas, nomeadamente do PS e do deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega).
Bolieiro frisou que não considera “oportuno, nem adequado a criação da taxa turística no modelo e no tempo em que foi proposto e aprovado na Assembleia Legislativa Regional”.